spoiler visualizarGrazy 24/04/2023
Sexo, assédio e incesto
O livro inicia com a história de romance hot mais batida que existe. O cara encontra o homem mais lindo da face da terra em uma floricultura, descobre que ele é seu professor e depois transa com ele numa biblioteca. Tudo isso em menos de 50 páginas, dois capítulos e em 3 encontros super rápidos. Esse desenvolvimento raso quase que me fez largar o livro, mas confiei que a mitologia grega ia aparecer.
Na cena seguinte: assédio. Sem aviso de gatilho no livro, sem desenvolvimento, apenas um acontecimento traumático jogado na cara do leitor. Mais uma vez eu quase desisto, mas confiei na mitologia.
E então que ela chega. Uma ambientação bem inspirada no universo do Rick Riordan, um contexto mais brasileiro pra história e o melhor: protagonistas adultos, realmente aptos a tomarem decisões e se envolverem em batalha. Porém a passividade do protagonista ante a tantas mudanças quebra um pouco o clima. Todas as novidades acontecem e são apresentadas e ele aceita sem questionar. Nada de trauma, sustos ou surtos. Nem mesmo um período de adaptação. Os poderes do mesmo surgem e nem isso provoca reações marcantes. O cara a um mês cuidava de planta e estudava arquitetura e agora do nada acha super normal manipular fumaça e invocar o fogo infernal.
Eis que chegamos ao terceiro ponto: a normalização do incesto. Todos os estudantes do internato são irmãos ou sobrinhos, visto que todos são descendentes de Hades, mas o parentesco divino é tratado de maneira supérflua e inexistente, sendo relembrado apenas quando se fala em poderes. Nesse aspecto o internato se assemelha mais a uma casa de Hogwarts do que um Chalé do Acampamento Meio-Sangue. Isso gera um grande incômodo na narrativa, pois a todo momento o leitor é lembrado que os personagens são irmãos e amantes. Fora que é indicado que existem milhões de semideuses cujos pais são filhos do mesmo deus.
Por fim, outro ponto de incômodo foram as incoerências da história. Uma hora é dito que os monstros são basiliscos, no capítulo seguinte são hipogrifos. Em determinada cena, é indicado que o protagonista passou mais de 24h em um quarto sem comer, sem que ninguém se lembrasse do indivíduo. Uma hora tá de noite e depois dia e a transição de tempo não é indicada. Além disso, a ausência de vírgulas em muitas frases e a escrita incorreta de algumas palavras contribuem para a confusão proporcionada.
Mas nem só de críticas se vive um livro. A narrativa é envolvente, o texto é ágil, a representatividade é bem evidenciada e pode ser considerada a grande mensagem da história. Espero que mais livros recebam uma ambientação BR e que o autor siga melhorando em sua escrita.