Coisas piores

Coisas piores Margarita García Robayo




Resenhas -


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Pablo Paz 26/04/2024

Novos escritores hermanos
O mercado editorial é tão encharcado de autores de língua inglesa (americanos) - cuja metade dos livros não passa de clichê e entretenimento barato - que muitos de nós, na ilusão de pensarmos ter liberdade de escolha, esquecemos que temos grandes escritores nacionais e latino-americanos atuais. Dentre os 'hermanos' Samanta Schweblin, Mariana Enriquez, Gabriela Cabezón, Julieta Marchant, Maria Ferrada, Alia Zéran, Jazmina Barrera, dentro outros, são alguns desses autores, nascidos entre 1970 e 1988.

Quem tem nos apresentado e publicado tais escritores - a maioria deles mulheres - é a Moinhos, pequena editora mineira; se quiseres conhecer esta nova safra de autores, visite o catálogo dela. A Margarita García Robayo (1980- ), colombiana, que conheci por alguns de seus ensaios publicados na Revista Piauí, é um desses escritores talentosos dessa geração.

Coisa pior é não conhecê-los. Vale a leitura...
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Lili 18/04/2024

Tudo em todo lugar apodrecendo
Sete curtas histórias esquisitíssimas compõem o livro da colombiana radicada na argentina, que utiliza elementos comuns nas narrativas de suas vizinhas que já li. Penso que muito da literatura latina é feito de calor e umidade, são páginas molhadas e quentes, algo está sempre decompondo, degradando, apodrecendo, não apenas coisas biológicas, aqui não foi diferente, apesar da temperatura mais baixa.

Coisas piores, não carrega a fúria na palavra, há uns raros momentos de exceção e são meus preferidos, eu tenho certa paixão pela fúria, mas é a melancolia, me agrada em menor grau geralmente, que governa o livro: uma senhora com câncer abandonada numa antiga casa da família; um homem que compartilha espaço com um desastre aéreo; um menino com uma doença incurável; um pai que perde as duas filhas, uma para morte e outra para vida; um homem doente ou não, que perdeu a esposa ou não; um casal em fim; uma mulher que pariu um morto.

Meus contos preferidos foram: “Você está Aqui”, “Sopa de Peixe” e “Os Álamos e O Céu Pela Frente”. Gostei muito também de “Como ser um pária”, “Um Pouco Melhor do que eu”. Enquanto “Coisas piores” e “O que nunca fomos” não me causaram qualquer dano, entrei e saí dos textos como entrei, apesar de algumas risadas pelo inusitado de “O que nunca fomos”. “Sopa de Peixe” e “Como ser um pária” compartilham da confusão, gosto de contos assim cheios das incertezas de uma mente bagunçada, principalmente, quando essa confusão consegue ser repassada de um modo que não é cansativo. Foi como dormir, acordar, e voltar imediatamente ao sono em outro sonho, várias e várias vezes. Em “Você está aqui” o que gosto do modo sutil como ela relaciona elementos que fazem parte do protagonista e do ambiente com o evento que foi a tragédia provavelmente do Voo Spanair 5022. Enquanto em “Os Álamos e O Céu Pela Frente” temos um casal com um ódio mútuo criado ou intensificado pela perda do filho.


site: https://www.instagram.com/leiamulheresvivas/
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Gabs - Entre Prólogos e Epílogos 12/11/2023

Cotidiano desconcertante
Margarita Robayo é colombiana radicada na Argentina e traz aqui sete contos independentes, em alguns sabemos onde a história se passa, mas nunca fica explícito a terra de origem dos personagens.
Doença, traição, abuso psicológico, relacionamentos tóxicos... Todos os protagonistas estão ferrados (pra não dizer palavra, rs) de seu próprio jeito, em situações que o próprio leitor poderia estar vivenciando. E o que nós, leitores, faríamos nessas situações?
Meu conto preferido foi o Sopa de peixe. Villafora, parece ser um homem de meia idade, viúvo, dono de um bar. A sucessão de acontecimentos, o limite entre sonho, delírio, realidade, nos desconcerta e confunde cada vez mais. Até chegarmos a um final que não esperávamos...
Aqui fica claro um dos méritos da autora nesse livro: abrir mão do personagem idealizado, perfeito, romantizado. Robayo demonstra uma maestria em desconcertar o leitor, tirá-lo da sua zona de conforto, como muitos de seus pares, especialmente escritoras mulheres, latinoamericanos. Trazer mais perguntas, muitas mais perguntas, que respostas, convidar à especulação. Ela mostra que a literatura nem sempre vai trazer a clareza que esperamos, e que isso também pode ser uma excelente experiência de leitura.
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Alexandre | @estantedoale 20/10/2023

ÁCIDO E CHEIO DE COISAS AINDA PIORES
Quão grotesca pode ser a vida em sociedade? Margarita García Robayo emprega a seus personagens uma acidez infame nos sete contos de “Coisas Piores” e talvez isso tenha contribuído para que não gostasse tanto desse livro.

O fator principal, na verdade, foi a palavra “gordo” surgir em todas as histórias de forma pejorativa. Há um incômodo com os corpos dessas pessoas. Senti-lo é inevitável. Quando começava a me encantar por alguma das histórias, vinha um problema com uma pessoa gorda ou de corpo mais “cheinho”.

A linguagem até me remete um tanto aos escritos de Fernanda Torres em “Fim” e a “A glória e seu cortejo de horrores”. Situações muito comuns da vida de algumas pessoas. Diferente dos passados sombrios de Fernanda, Margarita retrata os presentes de seus personagens, seus sofrimentos e, em cada um, delírios que não têm exatamente um fim.

O grotesco a que me refiro no início se dá pelas situações comuns e incomuns de cada conto. Uma socialite dopada, um jovem obeso que não consegue se locomover, um dono de bar delirante, um pai tentando reconquistar a filha afastada…

Margarita desperta no imaginário uma verdadeira gama de dramas absurdos da vida moderna. Apesar dos pesares, é uma leitura rápida – talvez por eu ter optado por digeri-la de uma vez.

site: instagram.com/estantedoale
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Tathi (@Doidosporserieselivros) 08/10/2023

Olá queridos amigos leitores! Mais uma leitura de outubro finalizada por aqui, dessa vez o livro de contos da autora @margaritagarciarobayo , lançamento da @editoramoinhos no mês passado.

O livro reúne textos premiados da autora, que nos traz histórias cotidianas com um toque de originalidade que as vezes chega a soar engraçado, mas que também expõe tristezas e angústias humanas.

Em um dos meus contos favoritos temos uma mulher que acabou de perder o bebê e por não querer expor cada sentimento e reviver sua tristeza é julgada pela família e o agora ex marido.

Outro conto que me chamou a atenção, foi ? O que nunca fomos? onde uma mulher inteligente e bem resolvida não quer um relacionamento sério, porém ela destila inteligência arrogante em suas falas, e o companheiro não consegue entender absolutamente nada do que ela fala.

Apesar de algumas histórias beirarem o cômico, temos tristes relatos da crueldade humana, com gatilhos para violência sexual, abandono familiar, e gordofobia.

Ao finalizar cada trama o leitor se vê analisando cada personagem, imaginando mais desfechos, e criando futuros para cada pessoa sofrida que conhece através dessa leitura.

Coisas Piores está disponível em formato físico e digital.

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