Bia 04/05/2024
Chico Buarque é um gênio!
O livro contém 8 contos, cada um com uma temática, sendo a maioria com temas sensíveis (contém muitos gatilhos), e todos com o intuito de fazer crítica a algo, desde situações costumeiras, problemas socias, e até ditadura militar.
Não é um livro fácil. A escrita é simples, mas não basta só ler o que está escrito para entender os contos. É necessário entender o contexto político, social e histórico de cada um, e como nem todos tem a crítica abordada de forma explícita e clara, pode dificultar a compreensão imediata do que o autor quer transmitir (eu, por exemplo, tive dificuldade em entender Copacabana), nesses casos recomendo procurar alguma análise mais aprofundada sobre o conto (ex: podcast Rê-pertório), pois são todos geniais e vale a pena compreendê-los, além de que trazem um conhecimento extra.
Falando mais individualmente de cada um, achei os contos Meu Tio, Os Primos de Campos, e Anos de Chumbo os mais pesados, pelo fato de mostrar temas sensíveis do ponto de vista de crianças, principalmente a violência explícita e incompreendida por elas. Cida também é bem triste, mostrando uma mulher em situação de rua. O Sitío aborda um "romance", mas tem a pandemia como cenário de fundo. O Passaporte é o único conto leve, mas tem uma crítica significativa por trás. Copacabana é o mais "esquisito", mas depois que entendi, achei GENIAL. E tenho que confessar que Para Clarice Lispector, com Candura, é o que menos compreendi/senti.
Esse foi meu primeiro contato com o Chico Buarque na literatura, e foi fantástico assim como na música. Ele trouxe nesse livro a realidade de forma nua e crua, com ironia e implicitamente. Desconfortável, mas necessário.