Lucas 25/05/2022
Não é bom, mas não é tão ruim.
Atraído pelo título e pela capa — contrariando o ditado —, baixei-o (disponível gratuitamente).
"Que nome interessante, apesar de apelar à língua inglesa", eu pensei — pois, num cenário lusófono, dar um título em inglês me parece um excesso. Imaginava, até, que terminaria a obra contente.
Há incontáveis erros gramaticais de todo tipo — sem uma revisão sequer, parece. Isso é, no entanto, ainda, tolerável, já que o que interessa mais é entrar em contato com o autor, suas ideias e percepções. O prazer de ler algo bem escrito — em se tratando de ortografia — fica para depois.
Os já mencionados erros, por mais absurdos que sejam e tenham a capacidade de carregar nossa atenção consigo, são aceitáveis; o que deixa mesmo a desejar é a falta de habilidade do autor. Ele não parece, por exemplo, possuir a familiaridade necessária para manipular palavras de maneira que consiga fazer surgir, no leitor, um sentimento, sensação ou reação. Como se já não bastasse, há repetições de ideias extremamente próximas e uma prolixidade que, por ser involuntária, empobrece a escrita do autor.
As narrativas — pois são contos, como ele esclarece — são artificiais e notavelmente condicionadas.
Os personagens são mal definidos, apenas vagando próximos a linhas de personalidade que, ao se cruzarem aleatoriamente, formam um núcleo que passamos a conhecer como determinado indivíduo. Sendo assim, parecem, por vezes, sofrer de algum transtorno dissociativo ou, no mínimo, passar por momentos de demasiada autoconfiança. Não que isso seja um quebra-cabeça, mas se torna enfadonha a tarefa de construir e desconstruir um personagem sempre que o mesmo diz algo, por mais curta que seja a frase.
Em alguns momentos, pensei que seria desenvolvida uma questão "filosófica", onde o autor iniciaria uma pequena ponderação sobre determinado tema; estava errado, pois, com a mesma velocidade que tal ponderação surgia, também desaparecia, deixando apenas uma vaga lembrança de que esteve ali.
As descrições de lugares, eventos e ações são, quase sempre, tão rasas e simples que se assemelham a um roteiro cinematográfico.
No fim, qualquer conclusão realmente boa foi desperdiçada — a impressão é a de que o autor se arrumou às pressas para terminar logo.
Apesar das características que podem ser consideradas falhas, a ideia central do livro é boa e consegue entreter aqueles que buscam apenas uma leitura de momento. Portanto, não é algo perdido — nos leitores e "pensadores" inexperientes, inclusive, pode até causar comoção ou/e provocar um "despertar".