spoiler visualizarBArbara 19/05/2023
O livro pode ser dividido em três partes:
- Infância de Jane
- Trabalho em Thornfield
- Viagem a Whitcross,
O primeiro foi muito bem construído, Charlotte consegue expressar tudo o que um incompreendido não consegue colocar em palavras. Adorei a vida em Lowood, mesmo sendo precária.
Todo seu passo em Thornfield foi interessante, os mistérios me mantiveram atenta aos detalhes. Também, fica evidente como o instituto formou o caráter da Jane e adorei todo o romance, por isso fiquei tão impactada com o final dessa fase.
A vida vagueando pelo pântano, vivendo carências desnecessárias foi a parte que mais odiei, até pensei em abandonar o livro, porque atribuir à vontade de Deus os sofrimentos que ela criou foi absurdo demais. Além de que toda aquela submissão ao St. John e a manipulação religiosa foi muito desconfortável.
Gostei do final, mesmo trágico, foi congruente com o que ela realmente queria e não seguindo normas sociais ou religiosas (bom, ao menos não tanto).
A influência da época em que a autora escreveu fica muito marcada com os dogmas cristãos, que estão presentes ao longo de todo o livro. É constante a ideia de que Deus recompensa a quem age "corretamente" conforme à moral e a religião, o que gera várias reviravoltas que mudam toda a direção da narrativa.
Outra ideia muito presente é a independência das pessoas, era um ponto importante para Jane manter a sua essência, além da solidão, carências ou preferências. Nesse sentido, foi um livro revolucionario, em contraste com os clasicos de romance. Outro estereótipo comun ao gênero que fica de lado nessa história, é a ideia de que a protagonista seja "a mais linda do lugar" ou o protagonista como o homem mais atraente e cavalheiro. Realmente eles são descritos como pessoas comuns, mais produto das suas circunstâncias, do que protagonistas ideais.
Persiste a idea de o interesse romantico além das classes sociais, mas a busca pelo amor é o casamento não é o foco principal, acho que a autora critica isto ao retratar a vida vazia das primas de Jane: Giorgiana só interessada em casar e a Eliza mostrando outra alternativa das mulheres na época, que era entrar ao convento. Do mesmo modo, Mr. Roechester me pareceu um par romântico muito realista, não é perfeito, incluso é até detestável ao início, mas ele vai melhorando conforme fica mais humano.
Eu recomendo o livro, é uma leitura envolvente e, ao igual que Emily Bronte, a autora te leva a sentir as emoções das personagens e a vivir a história com eles.