vagnerrg_ 01/01/2022
Nesse livro eu tinha interesse em entender o que a Dorlin fala sobre epistemologia. Já li outras filósofas da ciência que são feministas e consigo compreender bem que a ciência também é mais um desses lugares que estão estruturados a partir de um recorte de gênero que exclui, aliena e, por vezes, constrói uma visão parcial sobre a realidade. Pra mim, qualquer leitura de mundo necessita se propor de forma multifacetada, omnilateral, inclusiva e libertadora. Qualquer tentativa de explicar o mundo que seja parcial é, já na largada, não-toda e isso não ajuda a construir o mundo que precisamos ter.
Lógico que não dá pra construir uma explicação científica totalizante sobre qualquer fenômeno que seja, mas é necessário tentar, porque, de outro modo, não há preocupação em romper com os padrões estabelecidos. Se não houver esse compromisso, a linguagem científica facilmente se torna naturalizante, não rompe com nada e tende a ser apenas mais do mesmo, clichê e sexista.
Precisamos ter consciência dos problemas que são inerentes às linguagens e atacá-los à medida que vão entrando na ordem do dia. Os que ainda não entraram na ordem do dia, que nos apressemos a torná-los.
O livro é muito bom; embora se proponha a ser uma introdução, acho que vai além, pelo menos pra mim, que ainda tenho muito a compreende sobre os feminismos.