O resenheiro 08/08/2022
Indispensável para os amantes de ficção científica!
Quando nos tornamos amantes da ficção científica, descobrir a origem da palavra robô é algo indispensável. Segundo é contado nos textos de apoio, a alcunha de robô tal qual comumente conhecemos hoje veio de uma conversa entre o autor da obra, Karel Tchapek, e seu irmão, o pintor Josef. Ele queria algum nome para o trabalhador escravo que seria a criação máxima do velho Rossum, depois aperfeiçoado e escalado para uma produção em massa pelo jovem Rossum, personagens dessa peça de teatro magnífica, principalmente se considerarmos que foi escrita no começo do século XX, há cem anos, e logo depois encenada em mais de trinta idiomas.
No caso desta edição, além do texto da peça traduzido direto do tcheco, também temos a mesma história romanceada pelo escritor Rogério Pietro. Assim, com pequenas adaptações, podemos ter uma ideia do que está por vir no original do autor.
A ideia de se criar uma máquina quase humana a partir de ossos, músculos e tecidos, órgãos criados e juntados como peças de um automóvel, para então dar vida a esse amontoado de células, não é tão original assim se pensarmos que outros autores já escreveram sobre isso, como Mary Sheley em Frankenstein. Entretanto, nesta história se vai um pouco além, pois esse ser robô acaba sendo produzido em larga escala, em uma tentativa de substituir todo o trabalho braçal e repetitivo, liberando assim os humanos para desfrutarem dos prazeres da vida.
Tudo muito bonito no papel, mas na prática essa utopia acaba não dando certo. Os próprios cientistas querem algo mais, necessitam aperfeiçoar esses robôs, deixá-los mais próximos de um ser humano, e portanto, instigando-os a refletirem sobre sua atual condição de escravos.
Quando li o texto da peça, com uma apresentação e mais três atos, todos com uma prévia descrevendo o cenário, parece que estou assistindo a este espetáculo! É fantástico, as frases curtas intercaladas entre cada um dos personagens principais, os questionamentos de Helena sobre a criação desses robôs, as condições de trabalho, a defesa de seus direitos pela Liga da Humanidade, os argumentos dos cientistas, diretores e presidente da fábrica RUR, contra atacando as perguntas de Helena, explicando porque não dar alma a esses robôs, as vantagens de seus trabalhos escravos, tudo isso nos faz pensar mais sobre as nossa condições, sobre o que somos, sobre o que é vida, o que é inteligência, o que é criar vida, como células tronco podem se transformar em todo tipo de célula. Enfim, organizar células e gerar vida, comandar tudo isso, dar inteligência, realizar o despertar de uma máquina em uma outra espécie de ser humano.
Eu recomendo a leitura para quem gosta de Isaac Asimov, clássicos, ficção científica, novidades, leitura estrangeira e para aqueles que queiram passar o tempo ou apenas um tempo dialogando com robôs. Vale sim, e muito, a leitura!