de Paula 15/05/2021
Contos do mestre
Bem, o que dizer da escrita de Oscar Wilde? Estava muito ansiosa para ler o Fantasma de Canterville, mas a editora Leya que publicava a obra já não tinha reimpressão há um tempo, por isso, quando me deparei com o título na livraria, não perdi a oportunidade e li no mesmo dia. Como é agradável passar um tempo com uma boa escrita e histórias fascinantes, que vão além do que está escrito nas páginas, o entendimento está nas entrelinhas e contexto histórico.
A narrativa que nomeia o livro é muito divertida, conectando o conservadorismo inglês com a prepotência americana, mantendo, no entanto, a humanidade na pequena Virginia, que a meu ver pode ter alguma relação com o autor de Eneida. A maior crítica do conto O crime de Lorde Arthur Savile é sobre a religiosidade e crenças espíritas que surgiam em meio a era Vitoriana, mas há pequenas relações sobre o assunto em Fantasma de Canterville, muito embora a reflexão se dê pela aceitação da morte e a finitude da vida, assim como o amor e a pureza, que são completamente ignorados pelo jovem Arthur, que em sua história está aficionado pelo destino.
As duas últimas histórias se tratam de honestidade e filantropia, assim como o mistério ser fascinante e até afrodisíaco, mas nem sempre as coisas são o que parecem. O autor sempre traz morais para a vida humana que são geniais e perspicazes, mostrando o tato apurado que tinha sobre as vivências e questões que julgava que mereciam seu sarcasmo. A escrita é fluida e simples, ao mesmo tempo que marcante e tocante.
A tradução se assemelha a de editoras grandes como Nova Fronteira e Leya, com um custo benefício ótimos, por isso, se esse for o receio, aposte nesta edição. O tradutor Otavio Albano tem diversas obras assinadas por ele, um profissional de renome que fez um ótimo trabalho nesta coletânea.