Coxas de Veludo

Coxas de Veludo João Victor Barbosa




Resenhas - Coxas de veludo


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Vitu 06/03/2022

achei que não entregou tudo que prometeu na sinopse
é isso, achei que não entregou tudo que prometeu na sinopse. esperava mais história, é bom pelas partes de sexo, de resto eu achei bem confusa a história. talvez seja eu que não me dê bem com essas coisas muito poéticas!
Mayky 14/03/2024minha estante
Não é confusa, talvez seja você que não está acostumado a ler histórias complexas.




Fernando 27/06/2021

Sangue, sexo e memórias
"São Paulo pode ser muito solitária, e a solidão transfigura o tempo e sua matéria. E eu, o que devo fazer com a eternidade deitada no meu colo?" (posição 105)

Eu fico aqui pensando como, em questão de horas, eu entrei e sai desse livro, praticamente, duas pessoas diferentes. Acho que tudo começou quando eu me deparei com uma narrativa que me surpreendeu, entregando um estilo que eu não estava esperando, e terminou quando juntou tudo que eu amo em uma história: vampiros, gays, a implacável São Paulo, erotismo e poesia.

É fácil dizer que Adonai, ao fazer mais uma vítima para continuar sua existência, contrai todas as vísceras psicológicas de Lucius e se vê entremeado na primeira paixão do jovem, Amadeo. Agora, não é fácil explicar como a trama nos apresenta isso, já que João Victor Barbosa, ao construir seus vampiros que chupam tanto o sangue quanto as memórias dos desafortunados que cruzam seus caminhos, nos presenteia com uma narrativa que segue a linha de Clarice Lispector e Virginia Woolf: fluxo de consciência, a busca por si mesmo no caos do mundo.

Então, muito mais do que uma simples linearidade, a cabeça de Adonai, nosso narrador em primeira pessoa, está infestada de outras vozes, que se interpelam e se tornam ele por espaços de tempo. Mas se engana quem pensa que o vampiro é só um conglomerado de outros, longe disso, Adonai é marcado pela mazela da quase-morte que vive todo dia, da saudade da mãe que o faz reinventar as memórias que tem dela (e mesmo até procurar o gosto do colostro nos pescoços de bebês de colo), a ausência do amigo Jozu, que larga São Paulo pra trás em busca da simplicidade de uma vida pré-humana, longe das vozes e do caos. E, como se todo o peso de não saber mais quem é, depois de seus 100 anos de imortalidade, Adonai se vê preso às memórias de Lucius, que obrigam o vampiro a dar vazão aos desejos imputados pelas memórias do agora cadáver que amou Amadeo, garantindo uma nesga de vida às memórias do humano que fora seu jantar.

É nessas reviravoltas que a trama de um romance psicológico muito bem construído vai tecendo frente aos nossos olhos o retrato de uma São Paulo decadente, enfocando a pós-vida de Adonai pelo seu olho mental, que compreende muitas outras vozes que se confundem, se misturam e se esbarram. Adonai é marcado pela insatisfação que a eternidade causa, buscando tanto o futuro quanto a volta, se vendo preso num presente sem fim, enquanto tenta emergir e retomar seu espaço dentro de seu próprio corpo.

Essa é a dor e a delícia de fazer uma resenha de uma história que conta tudo por si só, o grande talvez de não conseguir fazer jus a tudo que o livro trás consigo. Todas as personagens são palpáveis, seu sofrimentos e anseios se misturam e poderiam ser os de qualquer um de nós.

Uma experiência de leitura incomparável, com uma voluptuosa delícia de morbidez, sexo casual e desespero, misturados no melhor que as reverberações da geração de 45 do nosso Modernismo têm a nos brindar.

Disponível no Kindle Unlimited.
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