pam.ggs 07/01/2023
Desafio
Demorei meses pra conseguir terminar de ler esse livro. O motivo? (alerta de resenha enorme. Está mais para desabafo do que para resenha)
Obviamente não é porque o livro, escrita e história são ruins. Jady conseguiu fisgar meu coração em POVS e fisgou de novo a cada parágrafo em AFPM. A única questão é que dessa vez, cada fisgada doía, e muito, e eu só não consegui encarar essa dor de uma vez.
Poderia até culpar o bode expiatório padrão: a ressaca literária. Mas não tive nenhuma experiência 'uau' nos meus últimos livros antes desse pra causar isso. E ressaca literária nenhuma justifica essa dor que eu sentia antes mesmo de começar a ler AFPM, quando ouvi pela primeira vez a música que a Jady fez pra esse livro.
E antes que nossa querida escritora se sinta mal por eu estar falando tanto de dor lendo seu livro, saiba que o motivo disso é que você escreveu pessoas tão inscríveis que eu simplesmente não conseguia ler de forma fácil a história sabendo de alguns desfechos tristes.
Eu particularmente tenho uma sensibilidade muito grande com lutos e fechamentos de ciclos. Minha garganta fecha quando penso em fim de ano, e de fato aconteceu nesse fim de 2022, e o mesmo ocorre com a iminência de qualquer fim.
Ler As Flores foi um desafio por isso. Me perdoe pela horrível e grotesca metáfora Jady - é que passei essa semana mesmo por essa experiência e acho válido - mas pra mim ler esse livro foi como fazer um exame de sangue. Precisava do exame pra ver como estava minha saúde; precisava ler pra reencontrar personagens que fizeram morada em meu peito. Assim que a agulha entrou na minha pele eu precisava aguentar até o fim, não poderia simplesmente abandonar o exame ali, pois a urgência em cuidar da saúde exigiria que eu voltasse, ainda que durante todo o momento que ela me perfurava doía; assim que comecei a ler o livro precisava aguentar até o fim, o sentimento de inacabado e de abandono desses personagens (e a saudade) me puxavam de volta pra leitura, ainda que a cada palavra fosse dolorida. Abandonar a leitura não ia fazer a dor passar, só iria adiar a dor que me esperava no final.
A beleza contida em AFPM conseguiu de alguma forma se igualar na beleza de POVS, o que eu achava impossível. Nunca pensei em encontrar poesia em tantos cenários diferentes.
Bárbara (ou Kalo) e Ananda (ou Kila) são personagens excepcionais. Claro que não só as duas, mas a gente cria um carinho e nota com orgulho e tristeza quando acompanhamos tudo o que elas passaram para se tornar a mulher que se tornaram.
Comecei essa resenha (e peço desculpas por possíveis erros já que comecei a chorar no meio) planejando brigar com Jady por ter feito Bárbara passar por tudo o que eu já sabia que ela passaria. Mas como leitura e aventureira na escrita, sei que apesar de ser exigido que o escritor tenha maestria pra levar isso para o papel, histórias e personagens fantásticos como esse universo e como Bárbara se constroem sozinhos, e tenho certeza que Jadna chorou e quebrou muito mais que a gente devido ao rumo que a históroa seguia. Só por isso está perdoada.
Não vou te pressionar a voltar ou parar de escrever ADQV. Como amante de livros reticências ..., como passei a chamá-los depois que você terminou POVS assim, adoro me aventurar imaginando como a Cidade Invertida está agora, E SIM, DEI TODOS OS FINAIS FELIZES POSSÍVEIS. Mas claro, meu coração está aberto, destrancado, inclusive esse universo tem a chave dele, e lerei com todo amor qualquer sequência que venha.
Obrigada passarinho ?