Resenhas - Terra fresca da sua tumba

sele 01/06/2021

"melancólico (...) carregado de insuspeita alegria"
preciso admitir, acho que nunca li um livro tão rico e ao mesmo tempo tão bem escrito, que lida perfeitamente bem com sua abundância de detalhes e é extremamente belo e envolvente apesar de apresentar tantas e tão diversas minúcias - que na mão da escritora ou escritor errado não se equilibrariam tão bem e poderiam resultar no pecado do excesso.

mas giovanna rivero não pecou, seus seis contos nesse livro reunidos são santos. me surpreendi bastante, não parece com nada que eu já tenha lido, aborda temas que percebemos de primeira e com certeza vários outros que para serem revelados necessitam de uma segunda, terceira ou quarta leitura.

a morte humanizada e real nessa obra se faz presente através da vida, e o contrário também é verdadeiro.

@buenos_livros 26/10/2021

Terra Fresca Da Sua Tumba - Giovanna Rivero ??
?O homicídio está para o assassinato como origami para uma colagem, uma questão de arte.?
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. Terra Fresca Da Sua Tumba (2021)
. Giovanna Rivero ??
. Tradução: Laura Del Rey
. Contos | 189p.
. @editoraincompleta @editorajandaira
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. Uma coletânea de histórias sombrias que apesar de não serem necessariamente terror, mantém a sensação de vertigem e o frio na espinha. São contos extremamente bem escritos, a maioria com elementos culturais bolivianos e uma narrativa viciante, entregando finais surpreendentes. Uma ótima leitura para quem quer fugir do trivial. Recomendo muito!
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Gabriela3420 22/02/2022

Terra Fresca da Sua Tumba
Terra Fresca da Sua Tumba" contém 6 contos longos, protagonizados por mulheres bolivianas, de diferentes etnias, enfrentando situações limite. A escrita sinestésica e direta de Giovanna Rivero flerta com o terror psicológico e o realismo mágico, tão característico da literatura latinoamericana.
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Todos os contos apresentam um elemento de dualidade: sanidade-loucura ; vida-morte ; território-fronteira ; humano-animalesco ; doença-cura ; pertencimento-exclusão ; perdão-vingança ... e formam um grande mosaico do que é a cultura e as vivências do povo boliviano.
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Destaco o conto "A mansidão" que aborda a questão do estupro em uma aldeia do grupo religioso Menonita. É um conto muito bem escrito, ágil e com um final vibrante e emocionante.
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Recomendo muito esse livro, uma verdadeira preciosidade!

tiadodudu 04/05/2024

Bonito e mórbido
Segundo livro que leio dessa escritora boliviana, sua escrita consegue encantar apesar dos personagens instáveis, ambientes idílicos com presenças asquerosas ou macabras que representam a natureza da mente humana.

Diego Vertu @outro_livro_lido 09/12/2022

Dividido em 6 contos, o livro de Giovanna Rivero traça um paralelo entre os realidade e a fantasia e entre o belo e o macabro. A linha que une esses contos é a morte e como as famílias lidam com ela além disso o livro tem várias descrições sobre a Bolívia e seus encantos.
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Confesso que esperava mais deste livro. Os contos são excelentes mas acho que se a autora tivesse diluído em um romance tinha nascido uma obra prima. Gostei muito da ambientação e como ela aborda os temas gatilhos. É interessante ver também como a morte é tratada principalmente nos países sul-americanos, achei a escrita um pouco confusa o que levou a descontar uns pontinhos.

Bruno Oliveira 27/11/2021

UM LIVRO PARA LER QUANDO TODOS JÁ ESTÃO DORMINDO
Terra Fresca da sua Tumba, de Giovanna Rivero é um livro de contos, há seis em seu recheio, e todos eles tratam, em algum grau, da morte, essa nossa natural companheira. O natural aqui não é por acaso: no livro, mesmo que algumas histórias lidem com assassinato, vingança e tal, a morte é tratada duma forma bem naturalmente mesmo; há, claro, aquela carga semântica adicional relacionada à natureza também (há muitas imagens, quase fotográficas até, que ilustram muito bem isso no decorrer das histórias), mas a naturalidade da morte é o que fica mais perceptível ao longo da leitura dos contos. As personagens femininas também chamam a nossa atenção. São elas as personagens principais, e de diversas classes sociais, que narram as suas vidas, ou as de outrem. Podemos resumir o livro como se fosse uma “remexida em covas”, e está aí o seu trunfo: quando o passado é revelado, traumas, mágoas e muitas lágrimas voltam à superfície. Um livro para ler quando todos já estão dormindo.

Aegla.Benevides 28/12/2022

Vi alguma nota que dizia que ?Terra fresca da sua tumba foi escrito quase em transe?, e não vejo forma melhor de descrever esse livro. Unindo o mágico ao rotineiro e o surreal ao cotidiano, Giovanna escreve esses seis contos como se de uma vez só: embora as histórias não sejam conectadas, a aura que permeia cada uma delas é a mesma.

A dor, a solidão, o gótico, a perturbação e uma pitada de erotismo fazem parte da construção desse livro, numa escrita completamente original tendo em vista as influências latinas. Já havia visto comparações de Giovanna a Gabo, e, tendo a conhecido, diria que ela traz uma visão mórbida do realismo mágico, apostando bem mais na realidade que precisamos pintar de mágica pra amenizar as feridas do caminho.

Assim, me surpreendi - ora positivamente, ora negativamente - com o que conheci da autora nos enredos: alguns são bem mais desenvolvidos, outros parecem se arrastar além do necessário. Gostei especialmente do primeiro, que traz a conversa de uma mãe com o colega marinheiro que acompanhou a morte do seu filho em um naufrágio; no entanto, outras temáticas ferozes são abordadas nos demais, como o incesto, o abuso sexual e psicológico e até um pouco de distopia no último conto.

Ainda que eu acredite que prefira conhecer a Giovana romancista (me pareceu que ela voa além quando não possui tanta limitação de palavras - não à toa, o conto que dá nome ao livro tem quase 60 páginas), é uma escrita que vale a pena conhecer pela riqueza dos detalhes e dos sentimentos tão presentes na América Latina de Rivera.

Rittes 29/04/2023

Vida e morte entrelaçadas
Diferente, rico, estranho... tudo isso se aplica ao livro de contos da escritora boliviana Giovanna Rivero, grata surpresa que chega pela primeira vez ao Brasil numa bela edição conjunta pela Incompleta e Jandaíra. Apesar de sua prosa sofisticada, as histórias entrelaçam vida e morte em imagens tão diferentes que é impossível parar de ler. Literatura de alto nível. Mais do que recomendado.

Debora 09/07/2021

6 contos com uma temática em diversas abordagens
O livro de Giovanna Rivero reúne 6 contos que abordam, de diferentes formas e em diferentes lugares e culturas, a morte.
No 1o, uma mãe conversa com o companheiro de naufrágio que assistiu a morte de seu filho. No 2o, uma senhora japonesa solitária cuida de sua casa, jardim e da hóspede do 2o andar.
No 3o, o mais forte e o que mais gostei, uma família lida com as consequências de ter tido uma filha estuprada numa comunidade menonita ultrafechada.
No 4o, uma psicóloga que psicologiza tudo lida com sua tia "maluca" - como todos na família dizem - e verdades escondidas do passado.
O 5o conto, o maior de todos, é o que menos gostei. A história se passa num território de indígenas conhecidos como métis, no Canadá. 2 irmãos órgãos são cuidados por uma tia disfuncional e é daqui que sai o título: a menina sonha com a mãe saindo com o vestido coberto da "terra fresca da sua tumba" e os cabelos tingidos pelas cinzas do seu corpo.
O 6o e último conto aborda a história de um homem que, para fugir das dívidas, participa de estudos clínicos e, em paralelo, aborda o cadáver de um certo no quintal da casa.
São contos bons, fortes. Só não gostei mesmo do maior, que representa uns 30% do livro. Talvez não tenha entendido, vou ler resenhas pra ver se entendo.

anaartnic 16/03/2023

Como vai poder viver sem morrer?
Intensidade. Faltava fôlego para ler as palavras tão potentes de Giovanna Rivero, o livro é uma promesa cumprida com maestria por meio de seus seis contos. Ela não passa ao leitor somente uma visão multifacetada da morte, mas um panorama um tanto (vergonhosamente) desconhecido sobre a Bolívia.

Eu não poderia escolher um conto que mais gostei, pois cada um possui ima particularidade e um ponto específico que me chocou ou impressionou, isso ao ponto de eu ficar horas pensando nas histórias, sejam acontecimentos ou pequenas frases.

Rivero não se prende a uma estrutura de escrita, ela simplesmente formata a história da maneira que mais toca o leitor, por vezes opta por um discurso mais sentimental, uma narração mais seca, um testemunho numa igreja pentecostal, sempre com nuances de iminência. Iminência do fim de uma vida, ou do começo de uma morte?

Os elementos culturais sulamericanos se apresentam de forma familiar, sem exigir explicações, pois é sobre um povo, uma história, raízes e veias. Alguns dos contos estavam bem longe da Bolívia, mas era possível ter esse sentimento conterrâneo, da expressão deuma cultural que Rivero passou com maestria.

Nunca foi tão belo ler sobre a morte, jamais foi tão confortante o desconforto da Terra fresca da sua tumba. Não vejo a hora de conhecer mais de Giovanna Rivero.

Amanda2086 29/03/2024

Exige coragem
Longe de ser uma leitura fácil. Os contos fazem a gente perder o ar e sentir que tá olhando nos olhos do medo que são vestidos de morte, abuso, violência, loucura e outros absurdos sombrios. O jeito que Giovanna Rivero escreve parece feitiço, um feitiço latino americano dos bons.

Caio194 26/10/2022

Incríveis histórias de terror em torno da morte como limiar, transformação, e processo. Inspirada em cosmopolíticas do morrer fora do cânone ocidental, em que vida e morte são misturas tanto quanto mente e corpo, apresenta na estrutura dos contos essa noção da morte não como "finitude" - os contos não "terminam", exatamente -, mas como um processo. Sem retirar da morte sua carga de tristeza e de horror, os contos de Giovanna Rivero também a dessacralizam, produzindo um estranhamento do encontro.

Cris 19/12/2022

O livro é bom mas acho que peguei no momento errado talvez eu volte a ler em outro momento. Os contos incomodam cada um a sua maneira estejam ciente disso antes de começar.

Carol 11/01/2023

De luta e de luto
Perturbador, inebriante e doloroso. Faltam adjetivos para caracterizar a experiência que é ler Terra Fresca da Sua Tumba. É uma mistura caótica de sentimentos viscerais da existência humana, entre a resignação e a revolta; entre a melancolia e a culpa. Meu carinho especial vai para o conto ?Socorro?, uma síntese perfeita das intenções de Giovanna Rivero com a obra. Vale a leitura, vale a absorção, vale a experiência.

Helen247 28/03/2023

Ninguém escreve contos como os latino-americanos
Alguns dos contos mais perturbadores e estranhos, de nos deixar desconfortáveis, que eu já li. E essa foi a intenção da autora, cutucar o leitor e fazê-lo pensar sobre algo natural que é um tabu tão grande: a morte.