Intolerância religiosa

Intolerância religiosa Sidnei Nogueira




Resenhas - Intolerância Religiosa


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Rafa 04/10/2021

Intolerância religiosa x racismo religioso
Como quarto livro escolhido da série "feminismos plurais" coordenado pela Djamila Ribeiro, tem-se "intolerância religiosa", escrito pelo professor e Babalorixá Sidnei Nogueira.
Gostei da linguagem do livro, é muito explicativa e quebra alguns esteriótipos que se tem sobre as religiões de matriz africana. Muito interessante é como a umbanda, conforme aponta o professor, foi tomada por parte da elite/classe média branca, como num processo de apropriação e esvaziamento, em alguns momentos, para ser melhor aceita na sociedade brasileira de tamanho racismo religioso- termo que Sidnei coloca para meio que substituir "intolerância religiosa", que seria melhor traduzido por racismo. E ponto.
Assim, o livro apresenta também o que se tem como demonização da cultura e religiosidade de matriz africana, explicando cirurgicamente o tão demonizado sacrifício de animais em terreiros de candomblé. Tal explicação não deixa brecha para desconhecimento, sendo outra forma de racismo demonizar essas religiões, sem saber do que se trata o ritual/cerimônia de sacrifício de animais no candomblé e seu significado real.
O livro todo eu recomendaria para qualquer ser humano com idade pra entender sobre o assunto, não sei de fato qual capítulo que mais me prendeu, mas o último achei muito incrível, propondo a resolução da necropolítica e seus derivados e da colonialidade do poder: a epistemologia negra.
O livro também fala sobre o cristianismo, o catolicismo, o pentecostalismo e as demais religiões de herança europeia e as violências que foram cometidas e continuam presentes no século XXI, essas partes, quando se lê e olha-se em volta, é nítido e muito bem arquitetado.
"Na sociedade do esquecimento, do apagamento, do esvaziamento semântico das origens, é praticamente impensável a existência de uma epistemologia que valorize tudo o que a necropolítica quer negar e, em seguida, matar."
Pretendo voltar a ler mais pra frente, muito bom.
Emyllaynny.Freitas 04/10/2021minha estante
??????


Emyllaynny.Freitas 04/10/2021minha estante
Rafa e suas resenhas instigantes


Rafa 04/10/2021minha estante
Ai amigaaa??????




João Burti 19/11/2021

Bom!
Trata-se de uma obra que trata da intolerância religiosa na perspectiva das religiões de matriz africana, notadamente do candomblé.

Pra ser sincero, eu estava esperando uma proposta diferente. Acreditei ser um livro de linguagem simples para introdução do leigo ao tema, mas em realidade é uma obra de linguagem acadêmica. Para um pleno entendimento, é necessário um entendimento básico de filosofia e política.

Quanto ao conteúdo, senti uma divisão em três partes:

1-Demonstração da ideia de como o cristianismo é fruto de uma sociedade colonizadora-eurocentrica-hegemonica

2-Aprofundando, demonstra que as raízes dessa dominação colonialista cristã é fruto de um racismo.

3-Breve introdução do que é o candomblé, sua liturgia e sua epistemologia.

Em geral, eu gostei. Recomendo aos cristãos (assim como eu) para que conheçam um pouco de um ponto de vista diferente.

Única crítica que eu deixo, é que a ideia de laicidade do autor é um tanto problemática e desconexa com nosso texto constitucional. Não, a laicidade não significa que a religião deve estar somente na esfera privada da vida, aliás, muito pelo contrário, laicidade é todas as religiões poderem igualmente se manifestar privada e publicamente.
Susu 19/11/2021minha estante
Fiquei curiosa agora pra ler kk




Rosangela Max 22/09/2021

Esperava mais.
É uma boa introdução ao tema, com pinceladas acerca dos pontos que, segundo o autor, nos leva até a intolerância religiosa.
Mas não espere muitas informações, mesmo porque o livro é curtinho e esse assunto é amplo.
Fiquei com gostinho de quero mais.
Um ponto de atenção é que a escrita está em forma acadêmica/técnica, não é uma escrita de fácil entendimento para quem não está acostumado com leituras deste tipo.
Se o intuito destas publicações é popularizar o debate e a conscientização destes temas, deveriam repensar quanto a escrita.
Eliana 22/11/2021minha estante
Eu acho que a escrita dele tá bem acessível




Roseane 15/05/2020

Intolerância Religiosa
O apagamento do valor civilizatório dos povos africanos no Brasil por certo é uma investida antiga. A religião é uma de suas tecnologias.

O medo por vezes impede que adeptos não assumam publicamente o seu culto a tradição de matriz africana.

As agressões são direcionada a seus corpos através de pedrada em via pública, de sua cidadania na descriminação no local de trabalho, no abalo de sua honra ao serem acusados de fazedores do mal, do espaço sagrado com destruição das instalações do terreiro.

Para o agressor, um pedido de desculpas lhe é legitimado.

O psiquiatra Nina Rodrigues com seu racismo científico alegava que o negro era de uma raça diferente, inferior, não propenso a civilização e com desvio de conduta tendendo a criminalidade. Abdias do Nascimento nos lembra que esse médico deu o ponto inicial do estudo psiquiátrico classificador do êxtase místico ao nível da histeria ou manifestação patológica.

As casas de culto de matriz africana necessitavam de registro policial para funcionar. Os terreiros se localizavam em áreas remotas e mesmo assim eram vítimas de operações policiais que aproveitavam para saquear o espaço sagrado retendo esculturas rituais, objetos do culto, vestimentas litúrgicas, assim como eram encarcerados sacerdotes, sacerdotisas e praticantes do culto.

A discriminação e a perseguição por motivos religiosos são marcas históricas de uma humanidade perversa e racista. O autor traz Fanon para nos lembrar, que o racismo e a racialização são expoentes das relações capitalistas.

Na inquisição católica o lema era combate a heresia, mas o confisco dos bens do pecador se tornou uma atividade altamente rentável.

A fé é uma escusa para por em pratica um projeto de poder. A tolerância assim como o mito da democracia racial são estratégias sufocadoras de debates que merecem mais destaques pois ninguém fica confortável na posição de suportado. Como bem disso o autor, quem tolera não respeita, não quer compreender, não quer conhecer.

O europeu em seu etnocentrismo e colonialismo não reconhece e condena tudo que é do outro. Hierarquiza, classifica, oculta, segrega, silencia e apaga o que oferece perigo à manutenção do seu local social de dominador ou algo que ameace seus privilégios.

Na perspectiva “desde dentro para desde fora” Babalorixás como Pai Nildo de Oxaguian, Daniel de Oxaguian, a iyalode Marisa de Oyá e Mãe Nadia de Ominodõ de Ologunedé que são intelectuais orgânicos, trazem no livro suas experiências e visão de mundo em torno do racismo e intolerância religiosa.

Seus relatos não são de observadores externos sem o conhecimento cultural do sistema simbólico da religião, mas de lideranças que mantém em curso o processo civilizatório herdado dos antepassados africanos.

O pavor da alteridade criou inimigo e/ou bode expiatório: “Além de preto é macumbeiro”.

Essa dupla opressão coincide em culpar os que decidem seguir os saberes cosmológicos africanos. Como alternativa para a “liberdade e a verdade” há os pseudo-heróis salvadores como a igreja universal do reino de Deus e antes deles no período colonial o escravizado tinha o batismo católico compulsório como uma conduta salvação já que “não tinham alma”.

A sacralização animal recebe destaque no livro. Respeitando o que pode ser compartilhado com quem não passou pelo processo iniciático. O rito é detalhado com seus signos bem explicados.

Em 28 de março de 2019 o STF decidiu por unanimidade, que é constitucional o sacrifício de animais em cultos religiosos. A batalha foi longa e árdua, mas não por falta de motivos sacro tão bem apresentados nesse livro e nem por medo dos opositores que tinham como prova fotos de animais mortos e jogados em estradas e viadutos que não tinham nenhuma relação com o Candomblé e demais religiões de matriz africana.

O medo era do racismo institucional já que a decisão final estava em poder de mãos brancas.

Uma pseudo ativista pelos direitos dos animais ficou magoada com a decisão do STF divulgou foto de filhotinho de cachorro insinuando que e eram um animal de sacrifício. A mentira e a tentativa de desqualificação dos saberes negros é uma estratégia que parece que não tem fim.

cristã fracassou ao optar por manter um sistema que vive da punição, tortura e do encarceramento.

Nos saberes africanos as escolhas são que definem o caminho. Não existe pecado, não há condenação de orientação sexual ou identidade de gênero, a religião é em pro de um crescimento pessoal. Tudo é sagrado, exceto o mau-caratismo.

O autor encerra o livro nos dando uma rica visão de mundo pela perspectiva africana:

A episteme preta não é excludente, não quer dizimar o outro, não quer ou não precisa invalidar a alteridade para edificar a existência de sentidos novos, diversos e diferentes. Os deuses alheios não são falsos, demoníacos ou inexistentes.

O que não se agrega não precisa ser diminuído, nem suas potências espirituais precisam ser colocadas em dúvida ou até amaldiçoadas, assim como pastores e padres vêm fazendo em seus discursos, como único caminho para o convencimento dos mais vulneráveis à aceitação de uma fé única. A caminhada do outro é a caminhada do outro; ele e sua caminhada devem ser respeitados.

A liberdade de crença esta expressa no artigo 5º da constituição de 1988. O disque 100 é uma ferramenta de denúncia e deve ser divulgada.

Livro potente e necessário para pensarmos o dia de hoje. Não é sobre religião, mas sobre a existência. Professor Sidnei Nogueira foi muito feliz em abordar o tema de uma forma acadêmica e didática.
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Bia | @vouleretedigo 21/06/2020

Sidnei Nogueira consegue ser preciso e muito didático.
O livro é uma aula.
Tanto para o povo de Axé, com a episteme preta, das encruzilhadas, quanto para pessoas de fora, e que precisam também manter e entender a prática anticolonial e afrocentrada.

Mo dupé!
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Adriano 10/08/2020

A luta contra o racismo religioso
Um ótimo livro.
Como no Brasil as religiões hegemônicas, principalmente neopentecostais, usam um discurso de que religião de matriz africana é um "inimigo". E como o racismo religioso está ligado a discurso de ódio. E como não é algo novo e vem desde os tempos do Brasil colônia.
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null 26/08/2020

Mesmo sendo uma leitura teoricamente rápida se torna mais lenta pois traz muitas informações.
Algumas partes tive que ler mais de uma vez para entender.
Ótima leitura para quem quer se aprofundar no assunto.
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Tatiane 05/09/2020

Excelente leitura.
Texto claro e até bastante didático para entendermos e pensarmos um dos principais problemas que vivemos hoje em nossa sociedade: o racismo religioso. Respeitar a fé de cada um; conviver com a diversidade; encarar que não há uma só verdade... são pontos iniciais para uma sobrevivência digna da humanidade. O oposto disso só é gerador de mais mortes.
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Carla.Cerqueira 16/12/2023

Leitura necessária
Todo brasileiro tinha que ler. É muito forte, revelador e da esperança de que um dia podemos ter uma sociedade mais empática.
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vasilisamorozko 09/01/2021

Uma Grande Aula Sobre A Intolerância
“Ouve-se muito que “é preciso tolerar a diversidade”. A expressão, aparentemente, progressista e bem-intencionada, desperta a indignação de alguns tolerados. Não, não é preciso tolerar ninguém. “Tolerar” significa algo como “suportar comindulgência”, ou seja, deixar passar com resignação, ainda que sem consentir expressamente tal conduta. Quem tolera não respeita, não quer compreender, não quer conhecer. É algo feito de olhos vendados e de forma obrigatória.”

#11 - Essa coleção é de longe um dos melhores projetos que conheço, os textos são cheios de informações que são passados de forma simples e de fácil compreensão. Esse livro é ótimo para quem quer conhecer mais sobre o tema.
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Amanda 12/01/2021

Adorei. Todo mundo deveria ler pra acabar com pré-conceitos
O autor não fala só de intolerância religiosa, ele fala também um pouquinho da filosofia das religiões afro, inclusive fiquei bastante curiosa e vou procurar ler mais sobre o assunto (estou aceitando indicações)... Vou ler novamente, acho que há mais para extrair do livro!!
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@gezaine_ 31/01/2021

Excelente livro, escrita simples, didática, que alcança o público leigo. Recomendo para entender mais sobre racismo religioso.
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Phenon 10/03/2021

Poderia ser maior...
O Livro em si possui abordagens significativas e ponderações bem articuladas no que concerne a intransigência religiosa ? crenças em Nunes, potestade e ritos ?, entretanto, é célere e poderia abordar mais celeumas.
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Arthur 05/06/2021

Intolerância e racismo.
Mais um bom título da coleção Feminismos Plurais. A destacar, mais uma vez, a acessibilidade do texto. Você não precisa ser um estudioso do tema para compreender as ideias ali postas. Desta forma, não apenas esse livro como todos os que li da coleção até então não pretendem encerrar os debates, mas sim introduzir o tema para aprofundamento posterior.
A destacar dessa leitura a explicação por que o termo "racismo religioso" seja aplicado de forma coerente ao tratarmos da intolerância religiosa no Brasil, bem como todo um histórico de opressão cultural que remete ao período colonial, mas que atinge patamares absurdos de casos e níveis de violência com a ascensão de figuras com discurso de ódio e manutenção de uma hegemonia judaico-cristã. Isso, aliado a proeminência neopentecostal na política do país apontam para a laicidade como falácia da identidade nacional brasileira, tal qual a democracia racial.
Por fim, Sidnei Nogueira traz explicações de rituais específicos de religiões de matrizes africanas e que se contrapõem a lógica neoliberal em sua essência, o que explica os ataques a esses cultos para além da questão racial.
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