Juju 11/05/2021
Um pedido de desculpas que não redime, mas traz à luz: as cinco!
* Jack, O estripador - Quem foi?
O assassino - serial killer - de mulheres que atuava nos arredores de Whitechapel Road (estrada de Whitechapel), uma periferia pobre de Londres na região de East End, estima-se que no ano de 1888. Ficou conhecido como Jack, O estripador por conta de seu modus operandi, ou seja, a maneira com a qual cometia os crimes. As vítimas apresentavam em sua grande maioria ferimentos brutais como cortes e mutilações em diversas áreas do corpo, inclusive tinham seus órgãos (pulmões, rins, coração) removidos com o auxílio de aparatos cirúrgicos. Os crimes eram sempre cometidos durante o período da noite e aos finais de semana.
* Por quê tanto estardalhaço quando se fala em Jack, O estripador?
Acredita-se que este homem que nunca foi identificado, embora tivessem sido obtidas algumas pistas e descrições sobre sua pessoa (1,60 cm, bigode espesso, chapéu deerstalker - chapéu do Sherlock Holmes, jaqueta e feições estrangeiras) foi o primeiro serial killer que já existiu. Eu posso afirmar que esta informação está parcialmente incorreta, o primeiro serial killer a ser capturado inclusive, foi Herman Webster Mudgett, mais conhecido como H. H. Holmes que atuou em Chicago também durante este período, até mesmo antes, mais precisamente em meados de 1885. Holmes confessou o assassinato de 27 pessoas, mas estima-se que os verdadeiro número ultrapassa a casa dos 200. Ainda assim, a história de Jack choca e impacta até os dias de hoje, sendo ele retratado em diversos documentários, livros e filmes.
** Alguns exemplos de livros, filmes e séries que tratam sobre o assunto:
- O primeiro volume da série Rastro de Sangue de Kerri Maniscalco trazido ao Brasil através da editora Darkside Books e que aborda a busca da protagonista - a donzela Audrey Rose Wadsworth -, pela identidade do homem que anda ceifando a vida de mulheres de maneira brutal em sua cidade natal: Londres, Inglaterra. Aqui temos uma adaptação, uma vez que o assassino é capturado e seu rosto desmascarado.
- A série anglo-americana “Jack The Ripper” lançada em 1988 pela CBS e interpretada por grandes nomes como Michael Cain.
- A série britânica “Ripper Street” lançada pela BBC One em dezembro de 2012 e encerrada em abril de 2016 (5 temporadas) em que o Detetive-Inspetor Edmund Reid em conjunto com o Detetive-Sargento Bennet Drake e o ex-cirurgião do exército americano e também ex-agente da Pinkerton, Homer Jackson, investiga os assassinatos cometidos por Jack, O estripador, seis meses após o mesmo ter desaparecido durante certo tempo.
- A obra “Jack, O estripador - A investigação definitiva sobre o serial killer mais famoso da história” de Donald Rumbelow publicada pela primeira vez em 1975 e trazida ao Brasil em 2013 pela editora Record. O autor é considerado um perito sobre o tema, uma vez que atuou como consultor chefe de diversos filmes e séries produzidos sobre Jack nos últimos 35 anos, além de ser ex-policial e ex-curador do Museu de Crimes da Polícia de Londres, sem mencionar organizador e guia da famosa London Walks: uma espécie de excursão turística que envolve um circuito de caminhada pelas ruas de Londres percorrendo os locais em que os assassinatos foram cometidos por Jack, O estripador.
E agora temos The Five de Hallie Rubenhold, a primeira obra a tratar das vítimas, a dar voz àquelas que foram impedidas de contar suas histórias, que padeceram pelas mãos de um monstro que adquiriu status e fama mundial enquanto as cinco permaneceram esquecidas, abandonadas e diminuídas por uma sociedade machista e misógina, pobre em espírito e alma, apesar das riquezas superficiais e abundantes ostentadas pela realeza em constraste com a miséria da outra parcela da população a qual a poucos interessava.
* Por quê falar de Jack, se a história de The Five é sobre as vítimas?
Por uma simples questão de contextualização, afinal, as cinco mulheres foram assassinadas por ele e infelizmente até os dias de hoje seus nomes permanecem vinculados a este monstro que apesar dos esforços nunca foi capturado. E se uma coisa é fato é que elas são sempre retratadas como as prostitutas assassinadas, apenas isto. Enquanto Jack, sem um rosto ou voz para ser contemplado, ganhou fama, status e uma legião de curiosos que se dispuseram a investigar seus atos maléficos, estas mulheres foram resumidas a um mero título depreciativo, como se o fato de estarem envolvidas com prostituição (o que não se pode provar em três dos casos) as diminuísse, ou pior, as limitasse a ser somente aquilo: prostitutas. Nada além disso. Elas eram muito mais, elas tinham um nome, uma família, sonhos, objetivos. No entanto, nem sempre a vida foi gentil com as cinco, muito pelo contrário, foram estes desafios que as levaram até Whitechapel aonde encontraram seu trágico destino. Elas não se conheciam e nem sempre estiveram ali, eram mães, esposas e trabalhadoras. Foram felizes um dia até se flagrarem em uma posição de vulnerabilidade que as obrigou a fugir para longe de tudo aquilo que lhes trazia alegria e enfrentar uma árdua e feia realidade. Mas a mídia as calou, as pintou em um quadro estapafúrdio e sombrio, as obrigou a ser escória, resto da sociedade. Como se não merecessem reconhecimento ou qualquer valor. Vocês querem falar sobre Jack? Tudo bem, vamos falar sobre Jack. Mas também vamos falar sobre Mary-Jane, Polly, Elizabeth, Annie e Catherine, que mesmo após 130 anos não são conhecidas de verdade, vamos agora conhecê-las em seu todo, como elas realmente eram e honrar sua memória como elas de fato merecem. É só abrir este livro!