Daisy 07/09/2022
Devia ter esperado pelo filme
Já fui para este livro sabendo que era parado, mas não estava à espera que fosse tão parado.
Sentiu mais um slice of life do que uma história com princípio, meio e fim.
Se você gosta de coisas mais paradas, com personagens que são a mesma pessoa no início e no final do livro, e com escrita bonita, talvez funcione para você, mas eu preciso de mais.
Odiei as 3 personagens principais. Marion não é interessante o suficiente para me manter interessada nas partes que ela narra e contemplei abandonar o livro várias vezes nas partes dela; fiquei desiludida com a paixão cega que ela tinha pelo Tom. Ainda entendo ter aceitado casar por o livro se passar em 1950 e por ter uma crush, mas a insistência em ficar com esse homem, que claramente não lhe dá o devido valor, realmente me irritou. ACORDA!
Patrick foi a personagem mais tolerável, mas a forma como ele expressa os seus sentimentos pelo Tom antes de ficarem juntos me deixou desconfortável.
Tom é a única personagem que não narra a história, o que eu gostei. Algumas pessoas dizem que não ficamos bem a conhecer o Tom à conta disso, ou o que Marion e Patrick viram nele, mas eu discordo. Nós ficamos a conhecer o Tom muito bem. Ele é um homem que tem que esconder o seu verdadeiro eu devido à sociedade onde vive, e isso torna ele numa pessoa péssima. Ele condena Marion a um casamento sem amor, aproveitando-se dos sentimentos dela em relação a ele, e cada vez que ela levanta uma questão pertinente em relação ao assunto ou a Patrick ele manipula ela, fazendo-a sentir-se culpada. Gaslight much? Até ao fim do livro! Já para não falar no machismo, mas antes que me diga "Ah, mas é 1950", o Patrick também é homem em 1950 e não é machista. Não há uma evolução da personagem, porque mesmo que na sua cabeça ele se culpe, o que eu acredito que sim, nunca faz nada para se redimir. A razão que os leitores não percebem o que Patrick e Marion viram nele, não é porque nós não temos o POV do Tom, é porque não há nada para ver para além da cara bonita do sujeito. Marion tem uma crush porque ele é bonito, Patrick quer trepar porque ele é bonito. O homem é egoísta, machista, teimoso, manipulador e cobarde, mas a cara é bonita, por isso que se dane o resto.
Claro que não é preciso gostar da personagem para gostar do livro, ou para o livro ser bom. Mas neste caso não gostei de nenhuma personagem, e não faz sentido a Marion e o Patrick gostarem do Tom.