tatiletenski0 17/03/2021Poppy War, a trilogia impecável e de tirar um fôlego chega ao fim!Que jornada…
Nunca pensei que diria que ao destruir completamente um personagem, um(a) autor(a) poderia fazer o seu livro triunfar. Mas foi exatamente isso o que R. F. Kuang fez ao nos mostrar a jornada de Rin, que foi de uma orfã sem esperanças para o futuro em Poppy War, para uma general de guerra - e uma deusa entre os humanos - em The Burning God.
Ao contrário dos seus antecessores, que tiveram seus espaços para sorrisos, piadas e momentos de alívio, o terceiro e último volume da trilogia não deu espaço para respirar nos jogando no meio da disputa do reinado de uma nação… Uma disputa que aperta ainda mais o seu coração por colocar do outro lado da guerra um personagem que nós conhecemos desde o início, e particularmente, para mim, eu nutria um alto nível de afeto: Nazha.
Esse livro é tão cruel quanto os primeiros, ele é muito frio e direito em nos descrever o cenário completo de uma guerra, não somente as batalhas de espadas e poderes, mas o que acontece no início, durante e o depois. As enormes consequências que apodrecem a humanidade, desumanizando, com fome desesperadora e sem esperança. A destruição de uma nação inteira por causa de uma disputa de poder e território. É algo muito difícil de ler, principalmente sobre as palavras da Kuang que não se acovarda em suas descrições.
Mas o que também fez o livro triunfar, também foi o por que eu não me apaixonei completamente por ele quanto os seus antecessores. Rin sempre arrancou a minha simpatia, mesmo quando ela agia de maneira monstruosa, eu conseguia seguir em frente por que ela me mostrava o terror e humanidade necessárias, principalmente por que os seus motivos eram (entre muitas aspas, por favor) “justificados” a situação em que ela cresceu e nasceu ouvindo sobre os seus inimigos, mas em The Burning God ela realmente perdeu toda a humanidade que restava dentro dela, mesmo tendo Kitay como a sua âncora. No final do livro, ela tinha provado ser o monstro que os outros apontavam o dedo que ela seria e isso foi muito muito muito triste de assistir, por que a garota que conhecemos em Poppy War merecia o final feliz após ter lutado tão bravamente e fortemente por ele, mas a Rin que terminou a jornada, realmente não merecia estar naquela posição. Mas posso dizer que, graças aos céus, o final da trilogia não me decepcionou na maneira como fez as suas resoluções… E na verdade, eu senti um gostinho gostoso de um spin-off que eu espero ver sendo lançado daqui alguns anos. Porém se a Kuang decidir que teve o seu final definitivo aqui, eu não vou ficar triste por que ela nos entregou uma trilogia de outro mundo, com uma qualidade impecável. Poucos livros de fantasia me impressionaram tecnicamente como esse e eu mal posso esperar para acompanhar o que ela nos trará em seguida!