fernandaugusta 27/03/2024A segunda vida de Missy - @sabe.aquele.livroMillicent Carmichael é uma senhora de 78 anos que vive sozinha, em uma casa enorme em Londres. Missy, como carinhosamente chamada pelos homens de sua vida, passa remoendo os erros e memórias do passado, com saudades do marido, do filho e do neto.
A solidão de Missy se deve ao fato de o marido não estar mais com ela. Além disso, seu filho, Alistair mudou-se com a família para a Austrália. E Missy e Melanie, sua filha mais velha, tiveram uma briga feia e estão há tempos sem se falar.
Cansada do silêncio dos próprios pensamentos, Missy se programa para sair de casa e ir ao parque uma tarde. No parque, encontra a vida em forma de gente: Angela, uma jornalista desbocada e seu filho, Otis, que tanto lembra seu netinho. E também Sylvie, uma elegante francesa que distribui croissants para quem passa.
Missy passa mal, e sai de fininho. Não sabe se tem medo ou uma imensa vontade de ver aquelas pessoas novamente. Mas querendo ou não, elas vão se infiltrando na vida da idosa, e logo Missy se vê também amiga de uma cachorra, Bobby...
Sutilmente, vamos vendo as alterações na rotina de Missy acontecendo a partir do colorido que as pessoas vao trazendo para a vida dela. O livro vai mesclando a narração de Missy em primeira pessoa no tempo presente e em uma sequência de memórias de sua vida inteira, que vão aparecendo para nos mostrar como e porquê ela chegou à situação de extrema solidão em que se encontra no início da narrativa.
Devo dizer que Missy não me cativou. Quem me cativou nesta leitura foram as pessoas que romperam sua casca grossa e a fizeram se abrir para uma segunda chance. Angela, Otis, Sylvie e principalmente, Bobby, a amiga canina. As memórias revelam uma personagem um tanto problemática: cegamente apaixonada pelo marido, porém em um casamento em que quase não teve voz, pois deixou a perspectiva de ter uma carreira para cuidar da casa e dos filhos e se conformou em se calar em muitas situações.
Elegeu Ali como filho favorito e teve uma relação bastante tóxica com Mel, se afastando da filha e dizendo a ela coisas imperdoáveis na briga que tiveram. Ou seja, Missy "cavou a própria cova". Mas Beth Morrey entrega uma história em que pelo menos a personagem amadurece, e também tem alguns "motivos" para ter feito o que fez.
Enfim, para descobrir "A Segunda Vida de Missy" temos que ir passando pela primeira, em uma história com reviravoltas bem interessantes, personagens diferentes e com uma mensagem de reflexão sobre o poder das nossas escolhas, das mudanças, da amizade e do perdão - principalmente a nós mesmos.