Livrendo 28/07/2023
Gostei, mas em vários momentos achei cansativo.
Bom dia, Verônica é o suspense publicado inicialmente pelo codinome de Andrea Kilmore, uma aposta da Darkside Books em reunir dois autores famosos, sendo eles: Raphael Montes, autor de livros de ficção, como por exemplo Jantar Secreto; e Ilana Casoy, autora de livros de não-ficção, como por exemplo Arquivos Serial Killers. Uma fusão do que há de melhor no universo da literatura de suspense policial nacional.
Verônica Torres é uma policial encostada na profissão de secretária de polícia, uma profissão pacata que envolve burocracia, planilhas e cafezinhos para o seu superior Carvana. Até que, em uma certa manhã, um abismo se abre aos seus pés ao se presenciar um suicídio inesperado. Como se não bastasse, Verônica ainda recebe uma ligação anônima na qual uma mulher implora por sua vida. A verdade é que, apesar de amedrontada, a policial se vê com uma oportunidade de mostrar suas habilidades investigativas. Ao mergulhar sozinha nos dois casos, um turbilhão de acontecimentos desencadeia o encontro com o lado mais sombrio do ser humano.Estava ansiosa por essa leitura, isso porque Raphael Montes foi uma descoberta para mim este ano e tem sido um mestre no gênero que mais gosto. Depois de saber que Bom dia, Verônica sairia em formato de série pela Netflix, fui tomada pela ânsia de concluí-la antes que a adaptação fosse lançada. Passei na frente de muitos livros e, apesar de ter notado muitas falhas que reconsideraram minha nota final, foi divertido estar um tempo com uma personagem amoral. Verônica não é o que se espera de uma policial; a luta pela justiça, ainda que resistente em sua personalidade, acaba sendo oculta pela ambição da mulher que em muitas vezes pensa apenas no resultado positivo para sua carreira ao solucionar dois casos, desconsiderando o trajeto perigoso que isso cria para as vítimas.
Considerando a construção narrativa de Bom dia, Verônica, percebi muitas abordagens e poucas conclusões. Raphael Montes e Ilana Casoy fizeram questão de apresentar fatos e obsessões de uma forma original em livros do gênero. O que vi como sendo um problema é que por vezes eu parecia estar lendo uma série de considerações sobre um crime ao invés de um livro de ficção. E essa minha dificuldade constante em imergir no romance causava dispersão, distanciamento e, por consequência, abandono das páginas, algo que não ocorreu, por exemplo, com O Vilarejo, do Raphael Montes. Acredito que, apesar de ter sido uma ideia genial unir duas mentes voltadas ao crime, a não-ficção se sobressaiu de uma forma que a narrativa se tornou cansativa ou, em momentos brutais da obra, algo criado para chocarNão foi uma leitura ruim, na verdade foi interessante estar dentro de um estilo bem diferente e objetivo da narrativa de suspense. Levei ideias e conhecimento ao final da leitura sobre coisas que raramente ficamos por dentro no meio investigativo. Minhas considerações finais deixam claro que já li muita coisa melhor do Raphael Montes e que preciso muito dos livros da Ilana Casoy para um estudo mais aprofundado na criminologia. Contudo, não sei se pegaria outro romance com ambos na autoria.
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