O Homem que Ri

O Homem que Ri Victor Hugo
Victor Hugo
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Resenhas - O Homem que Ri


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Manda 13/08/2022

Forte e emocionante
Vou começar falando que a leitura vale muito a pena, mesmo com páginas e capítulos falando sobre assuntos que eu não tinha interesse: lordes, reis e rainhas, embarcações e mais um tanto de coisa da Inglaterra. Mas conforme ia lendo e a história se desenrolava, entendi porque Victor Hugo colocava essas informações, e acabei relevando (e pulando algumas partes rs)
Gostei MUITO dos personagens. No início achava o Gwynplaine e a Dea meio mela cueca, muito sem sal, mas aprendi a gostar deles, e amava os monólogos do Ursus, achava até engraçado.
Li algumas coisas antes de ler sobre ser uma história parecida com a do coringa. Não achei. Achei ainda melhor do que esperava, com reviravoltas que me deixavam ansiosa para ler o restante.
Enfim, um livro muito bom, com mensagens incríveis, um enredo e personagens perfeitos, um final digno (e triste) e simples.
Foi isso. To triste
E só não dou Cincão porque pulei algumas partes
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Nathalia 05/07/2022

"Eu sou o povo" (pág.646)
Em uma das noites mais frias do inverno inglês, uma urca se prepara para, clandestinamente, deixar o país; entre as correrias dos tripulantes em fuga, é possível ver uma criança, trabalhando como um adulto, ignorada como um objeto qualquer. Na partida, ela é deliberadamente deixada para trás, descartada como algo sem importância, e é obrigada a, tão nova, lutar por sua sobrevivência.

No tortuoso caminho percorrido e em meio a tantas provações, o órfão Gwynplaine, carregando um riso eterno em seu rosto desfigurado ao nascer,  acaba por ter a sorte de encontrar para si uma família: Dea, uma menina cega resgatada dos braços de sua mãe morta por congelamento e fome, Ursus, um saltimbanco filósofo afeito a solilóquios, e Homo, um lobo dócil e inteligente.

Anos depois, vivendo das apresentações de sua trupe e de sua habilidade em causar riso aos outros a partir de sua condição teratológica, Gwynplaine, por meio de uma revelação inesperada, começa a fazer parte de uma trama que pode mudar para sempre sua vida - e sua identidade.

Reflexões.

A narrativa construída por Victor Hugo em "O Homem que Ri" é como um grande tecido, em que todos os caminhos e acontecimentos - desde as leis inglesas até o atirar de uma garrafa no oceano - acabam por se interligar e urdir o destino de nosso herói, o saltimbanco desfigurado Gwynplaine. De fato, muitas das crenças e concepções do autor estão claramente desenvolvidas nesse livro, especialmente suas inclinações religiosas - a  ideia de transcendência, no sentido de salvação ou renascimento para a verdadeira vida, a soberania da alma sobre a carne, a ideia de Providência, que é onipotente e justa, entre outras - e políticas.
Sua maior crítica nesse último sentido é dirigida à própria aristocracia inglesa, descrita com ironia e sarcasmo mordazes que demonstram sua hipocrisia e ausência da pretensa civilidade que a ela é  imputada pela tradição. Victor Hugo contrapõe, desse modo, imagens de grandeza e imponência a ações, tendências e pensamentos marcados pela crueldade, selvageria, e parasitismo, especialmente voltados ao povo (encarnado na imagem de Gwynplaine, desfigurado a bel prazer régio). Pensando por esse caminho, e considerando principalmente o intenso discurso de Gwynplaine à Câmara dos Lordes, uma profecia evidente - já que o narrador oniciente fala a partir de um lugar futuro - da grande Revolução Francesa que abalou a nobreza na Europa como um todo, o que se pode observar é a construção de um pensamento político republicano que pensa a respeito dos acontecimentos de 1793 (o Terror jacobino), procurando não apenas entendê-lo, mas também justificá-lo a partir da brutalidade histórica da monarquia.

" Eu sou um símbolo. Ó onipotentes imbecis, abram os olhos. Eu encarno tudo. Represento a humanidade tal como os seus amos a fizeram. O homem é um mutilado. O que me fizeram foi feito ao gênero humano. Deformaram-lhe o direito, a justiça, a verdade, a razão, a inteligência, como a mim os olhos, o nariz e os ouvidos; como a mim, puseram-lhe no coração uma cloaca de cólera e dor, e na face uma máscara de contentamento." (Pág.646)
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Mey 29/06/2022

Finalmente terminei ?O Homem que Ri? do Victor Hugo, foi quase um mês lendo esse livro e mesmo tendo sido uma leitura que demandou muito tempo de mim, é de longe uma das melhores histórias que já li na minha vida.

Eu sempre quis ler Victor Hugo, afinal, sou apaixonada pelas adaptações de ?Os Miseráveis? e ?O Corcunda de Notre Dame'', mas apesar disso, não quis ter o primeiro contato com essas obras, que basicamente, eu já sei a história. Resolvi começar por ?O Homem que Ri?, livro que inspirou a criação do vilão Coringa, dos quadrinhos da DC, por quem eu sou apaixonada (não me entendam mal, mas adoro a construção desse vilão).

?O Homem que Ri? conta a história de Gwynplaine, um jovem que ao ser sequestrado por traficantes de crianças, tem seu rosto deformado tendo sempre um sorriso nos lábios. Após ser abandonado por esses bandidos, ele vaga em busca de abrigo e acaba conhecendo Déa e Ursus, que serão sua família dali pra frente. Os anos passam, ele é feliz em sua vidinha de saltimbanco, quando acontecimentos os fazem se afastar daquela bolha de felicidade e segurança onde vive.

O livro, mais que contar a história de Gwynplaine, vai contextualizar sobre a sociedade europeia. O quanto a elite era podre e cruel, viviam em meio a jogos de poder e tramando uns contra os outros. Ele ainda vai mostrar as dificuldades vividas pelos pobres da época. Isso é uma forte característica da escrita do autor, que usou suas obras para denunciar as mazelas sofridas pela população pobre da época. Apesar de gostar muito de algumas coisas que ele retrata na história, achei desgastante os longos capítulos só falando sobre a organização da Câmara dos Comuns, ou da hierarquia dos lordes e isso fez com que ele não fosse uma leitura perfeita.

Apesar de achar tudo um pouco arrastado, a história de Gwynplaine me encantou, ele é um homem que tem um rosto que muitos chamam de monstruoso, mas uma alma muito linda. A relação dele com a Déa, que é cega, a forma como ele cuida dela, o amor que ele tem por ela e a linda relação entre os dois é uma das coisas mais bonitas que eu já li.

Meu primeiro contato com Victor Hugo não poderia ser melhor, ?O Homem que Ri? é uma obra incrível, que fala sobre a pobreza e a burguesia de uma forma real e dura, mas muito bonita. Que livro, meus amigos!
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Reginaldo Pereira 25/06/2022

Uma homenagem à grandeza da alma
Acabei de terminar de ler esta obra e escrevo esta resenha ainda com os olhos molhados? Um misto de tristeza, profunda tristeza por tudo o que aconteceu? e de ausência pelo final de algo tão grandioso.

Definitivamente foi a obra mais triste que já li, e ao mesmo tempo uma das mais belas. Victor Hugo me fez passar por um turbilhão de emoções, e que culminaram com uma espécie de tapa na cara da sociedade. E não apenas a do século XVIII, mas também de todas as outras subsequentes, inclusive a atual.

Os pontos altos que destaco na obra são a Matutina passando pelas fúrias oceânicas; as atribulações de Gwynplaine: as tentações, as descobertas ocultas na garrafa e seu discurso na Câmara dos Lordes (inigualável e atemporal!!!); e o fim?

Os 4 personagens principais serão inesquecíveis pra mim: Gwymplaine, Dea, Ursus e, sem dúvida, o tão querido Homo! A saudade que já sinto de vocês é realmente de doer?

Victor Hugo me surpreendeu! Mesmo com algumas passagens um tanto densas (a ?burocracia? dos Lordes, Príncipes, Barões, etc?), sua escrita é fascinante e poética. A obra se desenrola de uma forma tão empolgante e ao mesmo tempo sem dar ideia de como irá prosseguir! E isso é fantástico!!!

Foi um imenso prazer conhecê-lo, Victor Hugo!! Nos veremos daqui a algum tempo em ?Os Miseráveis?.
Carolina 25/06/2022minha estante
Estou estupefata com o Victor Hugo. Sua obra é magnânima.


Reginaldo Pereira 25/06/2022minha estante
Carol, estou até agora pensando em tudo o que passou! Gostei demais dele!!!!


Carolina 25/06/2022minha estante
Já vi que vou gostar desse ?O Homem que Ri?. Victor Hugo deve ser especialista em criar personagens grandiosos.




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Thiago275 15/06/2022

Maravilhoso
Gwinplaine é um garoto órfão abandonado à própria sorte no meio de uma tempestade de neve por um bando de malfeitores. Andando por aquela paisagem desolada, ele encontra o cadáver de uma mulher e um bebê que chora. Apesar da sua própria situação desesperadora, ele resolve pegar o bebê e procurar abrigo. Por fim, quando parece que tudo está perdido, as duas crianças encontram Ursus, uma mistura de médico, saltimbanco e filósofo, que tem um lobo de estimação chamado Homo, e que vai adotá-los.

Em O Homem que Ri, publicado pela primeira vez em 1869, acompanhamos a vida dessa família estranha, formada por um homem até então solitário, seu lobo de estimação, uma menina cega e um órfão terrivelmente deformado. Gwinplaine teve sua boca rasgada, formando um eterno sorriso em seu rosto, e é assim que ele vai ganhar a vida, fazendo o público rir da máscara feita com sua própria carne.

Victor Hugo é um autor conhecido pelas suas digressões e pela suas denúncias sociais. Aqui, ele pesa um pouco mais a mão, mostrando numa Inglaterra de fins do século XVII e início do século XVIII uma injustiça que perdura até hoje.

Em certo momento da história, Gwinplaine vai ter a oportunidade de falar na Câmara dos Lordes. Nesse discurso, fica claro que a deformidade que existe em seu rosto simboliza a deformidade que os poderosos impõem aos menos favorecidos. No entanto, humilhado, a única coisa que ele consegue arrancar de Suas Excelências são risadas. De escárnio.

Aqui no Brasil, um homem foi morto numa viatura horrivelmente transformada numa câmara de gás. Dezenas de pessoas morreram devido às chuvas em Pernambuco. Um jornalista e um indianista desapareceram na Amazônia. Todos eles são Gwinplaine. Todas as vítimas da arbitrariedade ou da omissão do Estado são O Homem que Ri. Ainda somos governados por lordes. Eles só mudaram de nome, mas o riso de escárnio continua o mesmo.

Enquanto tudo isso perdurar, livros como esse precisam ser lidos. E o discurso de Gwinplaine precisa ser lembrado: "O que é esse meu riso? É o crime dos senhores e o meu próprio suplício. Eu rio, e isso quer dizer: eu choro".
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Luiz Pereira Júnior 21/04/2022

O mais terrível dos Coringas...
Primeiramente uma observação importante em relação à edição de 2014 da Editora Estação Liberdade (não sei se o mesmo ocorre na edição da Editora Martin Claret): de colocar um texto que conta todo o enredo do livro (até mesmo o destino final dos protagonistas) logo no início da obra. Tudo bem, é uma Introdução, como o próprio nome diz, mas, se é esse o problema, mude-se o nome e coloque-se a tal Introdução no final. Em outras palavras: imagine-se pagando 60 reais para assistir a um filme e logo nos primeiros dez minutos todo o enredo é resumido e contado aos telespectadores. Ou, pior ainda, imagine-se vendo o primeiro capítulo de uma novela e descobrir que esse primeiro capítulo faz o resumo completo da novela, até mesmo o último capítulo com o destino final dos protagonistas! Com todo o respeito, senhores editores, essa foi uma das decisões mais ............... que eu já vi em uma publicação (completem a lacuna a seu gosto e vontade).

Em relação à obra em si, é um clássico talvez seja a melhor e mais sucinta definição que eu possa imaginar para ela. Um enredo inquietante, personagens bem construídas, linguagem completamente adequada ao contexto (vocabulário culto, mas sem chegar ao irritante hermetismo daqueles escritores que parecem apenas querer deslumbrar o leitor com seu léxico ou com suas experimentações vocabulares), detalhes que acabam por fazer toda a diferença (sim, eu sei que é um paradoxo), informações beirando o curiosismo mas que retratam os terrores e o magnífico de uma época, muitas e muitas frases que podem ser marcadas como pensamentos ou aforismos... É um clássico, como já disse. Menos conhecido que “Os miseráveis” e “O corcunda de Notre-Dame” do mesmo escritor, porém até mesmo mais profundo e impactante que esse último.

Sim, eu sei dos defeitos do livro. Melhor dizendo, eu sei não dos defeitos, mas do que pode não agradar ao leitor contemporâneo, ao leitor iniciante, ao leitor jovem acostumado aos livros de séries em que cada livro parece repetir o outro (e talvez seja essa a ideia: a fórmula deu certo, então repita-se a fórmula). Enormes trechos descritivos, muitas repetições usando-se palavras diferentes, digressões que acabam por adiar a trama principal do enredo (péssimo para os leitores que gostam de ação e mais ação), personagens maniqueístas (não tem como negar isso), a mesma linguagem usada para todos os personagens não importa a classe social ou a faixa etária em que se encontrem (sim, também sei que isso contradiz o que disse no parágrafo anterior, mas o vocabulário reflete o ideal de todos os personagens falarem do mesmo modo – uma característica do Romantismo: basta lembrar das falas de Inocência, Peri, Iracema, Augusto de “A Moreninha”). Como eu disse, é um clássico e, sem preconceitos nem generalizações, um clássico não é necessariamente (acredito que nunca seja) uma leitura fácil e meramente divertida...

E o enredo: um garoto é abandonado em terra firme por um grupo que fugirá em um oceano tempestuoso. O barco afunda, o garoto caminha na neve e encontra o cadáver de uma mulher e um bebê (menina) tentando mamar nele. O garoto (Gwynplaine) recolhe a menina e a carrega consigo, sendo adotados, depois de enorme sofrimento, por um saltimbanco e seu lobo de estimação. Com o passar do tempo, descobre-se que Gwynplaine é o lorde da família mais nobre do Reino Unido, logo abaixo da posição da rainha. O mais importante eu ainda não o disse: o rapaz era filho de um inimigo do rei e foi dado para um dos grupos dos chamados comprachicos. E o que faziam esses grupos? Compravam crianças e as desfiguravam para vendê-las aos circos de horrores. No caso de Gwynplaine, os comprachicos cortaram a boca do menino de forma a fazer com que ele passasse a exibir eternamente um riso em sua face...

Sim, já sei o que você está pensando. Pelo que eu pesquisei, “O homem que ri” deu origem a um filme homônimo e, posteriormente, o personagem se transformou no famosíssimo Coringa, que, como todos sabem, tem a origem de seu sorriso ao cair em um tanque de ácido, que deformou seu rosto. E por que essa diferença na origem do sorriso? Na verdade, até que é bem óbvio... A DC Comics jamais faria filmes para o grande público (adeus, bilhões de dólares) em que uma criança tem a boca retalhada de orelha a orelha , exibindo uma máscara cômica mas de inacreditavelmente profundo sofrimento interior...

A pergunta de sempre: vale a pena? Sem dúvida, mas saiba onde está se metendo. Um livro clássico é atemporal – e o atemporal não quer dizer necessariamente que você encontrará tudo o que deseja, tudo o que pensa, da forma como pensa e deseja e que se emocionará como à época em que foi publicado. E talvez seja esse mesmo o segredo do clássico: permanecer clássico mas de uma forma diferente a cada leitura que façamos dele...
Débora 15/02/2024minha estante
Obrigada por avisar, o mesmo aconteceu comigo em O quinze da Rachel de Queiroz na última edição da José Olympio. Fiquei muito chateada.




Priscila 08/04/2022

Fascinante e cruel
Há acidez e ironia tanto no humor quanto na crítica social, os personagens são marcantes e a narrativa nos leva a reflexões sobre a maldade e bondade, riqueza e miséria, esperança e angústia, beleza e caos de maneira formidável! Embarcar nessa história foi sem dúvidas uma experiência enriquecedora, emocionante e inesquecível! E por falar em embarcar; a correlação que o autor fez do começo com o final cortou a minha alma.
Vou pensar nessa obra por muito tempo.
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Rayza.Figueiredo 20/03/2022

Monarquia
?Ele, que acreditava ser forte, ele, que por tantos anos havia flutuado, alma atenta, em meio à vasta difusão dos sofrimentos, ele, que trazia de toda essa escuridão um grito de lamento, justamente ele acabou por naufragar nesse colossal escolho, a frivolidade dos afortunados. Acreditava ser um vingador; era um palhaço. Acreditava fulminar; fizera cócegas. Em vez de emoção, colhera a zombaria. Ele havia soluçado; eles gargalharam. Sob essa gargalhada ele esmorecera. Fúnebre aniquilação.?

À princípio, o nome da obra seria A Monarquia; e esta obra é inteiramente voltada a críticas à monarquia.
O Homem que Ri, garoto órfão, vendido pelo Rei aos Comprachicos, traficantes de crianças, para ser mutilado de forma permanente e irreversível em um riso infinito, com o propósito de torna-lo uma atração nas feiras de circo.
?É do inferno dos pobres que é feito o paraíso dos ricos.?

Ninguém critica a sociedade e a política melhor que Victor Hugo! e aqui neste livro, ele estava completamente revoltado! são paginas e mais paginas de indignação!
você se pega completamente admirado! mas em alguns momentos também se pega completamente entediado! porque esta é uma leitura densa e cansativa; algumas partes desinteressantes e desnecessárias.

A história do inicio se amarra perfeitamente no final.
a mensagem é muito bem entregue.
mas achei o final digno de drama de Shakespeare.
achei que a tragédia nada teve a ver com o conteúdo num todo; achei que foi meio jogado apenas pra entristecer o leitor.
e que tristeza, viu? ?
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Emilia.Reis 26/02/2022

A burguesia sempre vence
A gente sabe que o mundo é um caos e que os ricos massacram os pobres desde sempre, "é um bom sistema".
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No entanto, a forma que Victor Hugo fala sobre isso e ainda cria personagens que vivem toda a questão social da época é formidável e angustiante.
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Esse não é livro fácil, mostra todo o sistema podre da sociedade, que existe pra manter os Lordes ricos em troca da miséria de tantos outros. Não há momentos felizes, é real e vai ser pra sempre atual, infelizmente.
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Obs: Como sempre o autor detalha muita coisa que pra maioria das pessoas não importa e nem faz falta na história, porém não foi motivo pra tirar estrelas dessa obra. (No final ele sempre entrega um bom livro.)
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"Evidentemente Lorde C era convicto, ou seja, idiota"
Rayza.Figueiredo 26/02/2022minha estante
Vitinho não decepciona


Emilia.Reis 27/02/2022minha estante
acaba com a gente.

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Isabelle Lopes 21/12/2021

Victor Hugo, não à toa, um dos meus autores favoritos. A sua crítica social é sempre tão atual e pungente. E não poderia ser diferente nessa obra.

"Mas por que o povo é ignorante? Porque é preciso que seja. A ignorância é a guardiã da virtude. Onde não há perspectiva não há ambições; o ignorante vive dentro de uma útil escuridão que, suprimindo a visão, suprime as cobiças. Daí a ignorância. Quem lê pensa ; quem pensa raciocina. Não raciocinar é o dever; é também a felicidade. Tais verdades são incontestáveis. A sociedade se assenta nelas".

"Que benfeitor na terra é melhor que um distribuidor de esquecimentos?"
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erbook 14/11/2021

Obra prima sobre a desigualdade social
?É do inferno dos pobres que é feito o paraíso dos ricos?. Essa frase condensa a espinha dorsal deste grande clássico: a desigualdade social. A leitura, embora possua muitas camadas, flui tranquilamente com diversos pensamentos existenciais da natureza humana. Victor Hugo, escritor francês, nesta obra faz críticas contundentes à aristocracia inglesa dos séculos XVII e XVIII, com rituais e solenidades estritas para o exercício do poder, comparando-a muitas vezes aos deuses gregos do Olimpo.

Gwymplaine, menino órfão, com rosto desfigurado propositalmente nos lábios, é abandonado à própria sorte pelos ?comprachicos? (traficantes de crianças), quando estão fugindo da Inglaterra. Ao procurar abrigo, sozinho, com frio e fome, encontra uma menina dormindo sobre o corpo da mãe falecida. Acolhe-a e continua a procura de ajuda num ambiente invernal e hostil, só encontrando amparo com o andarilho saltimbanco chamado Ursus, artista pobre, inteligente e solitário, amigo de um lobo chamado Homo.

Desse encontro casual ou do destino, surge uma família incomum: Ursus, Gwymplaine, Dea (a menina cega) e o lobo Homo. Esse lobo é calmo e confidente (discrição em pessoa), o que me fez lembrar da cachorrinha Baleia de Graciliano Ramos em Vidas Secas. A partir dessa família singular, Gwymplaine se torna um artista nômade que vivencia a experiência dos miseráveis de várias regiões da Inglaterra, mas deixo para a curiosidade dos leitores a apreciação das numerosas aventuras, com direito a reviravoltas no enredo e final emblemático.

Por fim, menciono que o autor faz duras críticas à brutalidade do sistema de justiça inglês no final do séc. XVII, bem como apresenta pensamento humanista em favor dos miseráveis, numa sociedade em que poucos detinham muito poder e riqueza às custas do trabalho de inúmeros infelizes. O discurso final de Gwymplaine vale o livro!
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Bruno.Rodrigues 24/10/2021

Excepcional!
O homem que ri até o momento é o melhor livro que já li na minha vida. Construção perfeita dos personagens, ambientação incrível e realista devido a quantidade de detalhes mas sem ficar puxado. Uma reflexão nua, crua e extremamente realista sobre a sociedade e a polaridade das classes sociais. Mesmo sendo um clássico, podemos encaixar perfeitamente todos os problemas levantados com os dias atuais. É perfeito, poético, filosófico, metafórico e realista. O climax, vários plot twist deixa nós leitores, eufóricos e desesperados para o próximo capítulo. O único momento que pode deixar a leitura um pouco arrastada, é quando ele cita vários fatos históricos da europa, principalmente na Inglaterra, mas que não afeta em nada na história principal, inclusive acrescenta informações úteis.
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brunatschaffon 15/08/2021

Sobre Victor Hugo, Batman e as faces que não mostramos
Gwynplaine é um órfão que teve seu rosto desfigurado em um permanente sorriso pelos Comprachicos, uma gangue de traficantes de crianças, com o fim de servir de atração circense. Ignorante de seus vínculos familiares, o menino é abandonado por seus algozes em fuga, e termina por salvar uma bebê cega, Dea. Ambos crescem sob os cuidados de Ursus, o filósofo, e de Homo, seu lobo de ?estimação?. Os quatro improváveis companheiros formam um núcleo familiar e se apresentam periodicamente numa peça escrita por Ursus. Gwynplaine se apaixona pela pureza de Dea, sublime em contraste a seu aspecto grotesco. Dea se apaixona pela beleza por trás da máscara de Gwynplaine: sem poder ver sua permanente deformidade, ela enxerga com clareza apenas a alma do homem que a resgatou da morte. A dinâmica familiar é abalada por uma sequência de eventos que revelam as origens de Gwynplaine e cujo plano de fundo se dá nas intrigas da realeza inglesa.

O livro foi adaptado como filme mudo na década de 20. Foi a adaptação de Gwynplaine para o cinema que inspirou o design original do famoso Coringa na HQ do Batman.

Sobre a obra: uma das melhores leituras do ano, veio a ser um dos meus livros favoritos. A escrita do Victor Hugo é apaixonante: é meu primeiro contato com suas linhas e acho que nunca fiquei tão encantada com o talento literário de alguém. Suas descrições são muito belas, parecem poesia em prosa. Ele faz uma interessante caracterização de seus personagens: singulariza suas peculiaridades e logo em seguida mostra a universalidade do aspecto psicológico de cada um deles. Seus personagens, assim, são claramente delimitados, mas ao mesmo tempo são arquétipos que servem para mostrar como a mente humana funciona. É um movimento de generalização executado de forma habilidosa.

Gwynplaine é um símbolo de todos os marginalizados num mundo de opulências e de aparências. É rejeitado, ridicularizado e tido por monstro, enquanto Victor Hugo subverte os papéis e questiona quem verdadeiramente é o vilão: o órfão ou a sociedade que o deformou e o subjugou a um ostracismo, a ver a miséria alheia como fonte de entretenimento. Há um inegável toque de ironia no fato de Gwynplaine ter sido a inspiração visual de um dos mais famosos vilões dos quadrinhos e do cinema.

E, como o Victor Hugo parte do individual para o geral em sua técnica literária, eu terminei o livro com uma pergunta: o que temos em comum com Gwynplaine? Ele tinha o rosto distorcido num perene sorriso em contraste com o sofrimento que lhe assolava a alma.

Talvez seja esse sorriso que nós exibamos (nas redes sociais e na maioria de nossas interações, ainda que presenciais): com a lâmina do artificial, onipresente, pronto pra entreter, ao mesmo tempo em que oculta perturbações e tristezas em camadas mais profundas e reais de quem somos. ?O homem que ri? só era plenamente visto por uma cega. Quem nos enxerga por completo?
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