Thaís Brito 03/03/2021
Eu esperava bem mais
Obs.: Contém spoilers apenas para quem não leu o livro, mas nada de novo sobre a série!
Minhas experiências com livros que expandem obras do audiovisual e o meu amor pela série Julie and The Phantoms foram dois fatores que geraram muita expectativa por esse livro. Infelizmente, a autora perdeu uma ótima oportunidade de explorar mais o universo dos personagens e de presentear os fãs com uma narrativa mais cativante.
O primeiro fator que me decepcionou foi o fato de perdermos cenas importantes da série. Para fugir de ser uma simples cópia do roteiro, outros livros buscam adicionar nuances e preencher lacunas. Na contramão, esse livro resolveu omitir muita coisa. Por exemplo: Carlos descobrindo que os meninos são fantasmas, Julie imaginando a sequência de Perfect Harmony, o conteúdo de Unsaid Emily, os meninos tocando no Hollywood Ghost Club com Caleb.
Não entendi o porquê dessa escolha. Um palpite no escuro é que a autora teve acesso ao roteiro inicial da série e seguiu baseada nele. Isso faz sentido se pensarmos que Perfect Harmony foi uma sugestão e composição dos atores durante as gravações da série. E que o livro omite alguns diálogos que, acompanhando entrevistas e cenas de bastidores, sabemos que foram adições dos atores e improvisos. Essa é apenas uma especulação minha, pois não sei realmente como foi o processo de escrita desse livro.
Ainda assim, a oportunidade de fazer um ótimo livro foi perdida. Talvez eu perdoasse essas omissões se elas tivessem sido feitas para dar espaço a cenas novas, como acontece em outros livros que buscam expandir a experiência do audiovisual.
Na série, quando Julie fala para Flynn que passou o fim de semana inteiro escrevendo músicas com Luke, o livro teria uma ótima lacuna a preencher escrevendo pelo menos um diálogo imaginando essa interação deles em um momento de composição. Mas não tivemos nada disso. Nem outra cena substancial que desse ao leitor o gostinho de estar descobrindo algo novo. Pareceu que algo impedia a autora de tentar novas ideias e adicionar mais camadas.
Por termos uma sequência de capítulos sob o ponto de vista de cada personagem, tivemos sim algumas menções do Luke e da Julie sobre os sentimentos que eles começavam a ter um pelo outro. Mas a autora poderia ter explorado isso melhor. A paixão deles não ficou tão convincente no livro.
Ela poderia também ter dado mais voz ao Reggie. Tudo bem não criar um passado para ele com receio de não bater com o que possa aparecer na continuação da série. Mas pelo menos algumas cenas dele reagindo ao presente e trazendo um pouco mais da perspectiva dele seriam bem-vindas.
O livro não é ruim. Tem uma narrativa rápida e fluida, relembra os momentos engraçados da série, reaquece a vontade de saber como a história vai continuar. O problema é que ele poderia ser muito, muito mais.
O próximo livro, que será lançado em agosto, promete ser um grande flashback da vida dos personagens principais. Pelo menos esse tem menos chance de ser quase uma cópia do roteiro da primeira temporada, apresentando alguns elementos novos sobre o passado de cada um. Não acho que vai ser uma grande narrativa, mas sei que vou comprar, pois esses livros são uma forma de alimentar o amor pela série enquanto espero por mais.
De qualquer forma, sigo na esperança por uma segunda temporada da série na Netflix enquanto a playlist da primeira temporada ainda é uma das minhas paixões.