A pequena outubrista

A pequena outubrista Linda Boström Knausgård




Resenhas - A pequena outubrista


12 encontrados | exibindo 1 a 12


Lurdes 24/12/2023

A eletroconvulsoterapia começou a ser utilizada em 1938 por um psiquiatra italiano, inspirado no que ele observara num matadouro. Ele percebera como os suínos agitados se acalmavam ao receber choques elétricos. Já sei, vamos fazer isso com os seres humanos mais frágeis. Os seres humanos que não conseguem falar por si mesmos."

Este trecho está no livro autobiográfico A Pequena Outubrista, da escritora sueca Linda Boström Knausgård, ela mesma submetida a terapia com eletrochoque entre 2013 e 2017.

Fiquei horrorizada ao saber que este tipo de prática ainda era utilizada na Suécia, quando já foi abolida e até proibida na maioria dos países.

A narrativa, em primeira pessoa, na maior parte do tempo se constitui em um monólogo dirigido ao ex marido Karl Ove Knausgard, também escritor e pai de seus 4 filhos.
Linda conta suas passagens pela "fábrica", onde o tratamento era realizado enquanto tenta reconstruir suas memórias, que aos poucos vão se fragmentado e apagando.
Sua bipolaridade que causava fases de insegurança, depressão profunda e até tentativas de suicídio, obviamente não melhora nada com estes tratamentos.
Enquanto luta para manter sua sanidade e sua memória, ela vai nos contando, em flashs, fatos mais marcantes de sua vida.
Enquanto se agarra a estas lembranças, ela tenta vislumbrar um futuro mais leve, em que possa voltar a escrever em paz e conviver de novo com seus filhos.
A escrita dela é linda, e não é à toa que é uma das mais importantes escritoras da Suécia na atualidade.
Comovente, mas nunca piegas.
Um livro forte de uma mulher forte e muito talentosa.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



thamyres 09/10/2023

Eu não percebi que era o final até chegar nele. eu li e reli e reli a última parte e me senti, não sei como eu me senti, mas eu senti o desespero da linda e acho que esse desespero veio até mim e meu corpo ficou em alerta do perigo e depois relaxou pronto pra chorar.

céus, eu não consigo imaginar como seria ser torturada por uma suposta "terapia" de choque enquanto todos dizem que você vai ficar bem sendo que você nem se lembra mais quem você é. mas, além disso, ela é mãe. ela não é só um transtorno, ela também é mãe, e seus filhos são a sua salvação. ela recita o nome deles como um mantra e os descreve com adoração. eles sim são a sua cura.

como estudante iniciante de psicologia, declaro que sou veementemente contra a eletroconvulsoterapia em quaisquer casos onde se coloque uma possível oportunidade para esse tratamento. não é destruindo a mente de alguém que ela será curada. isso é mentiroso e cruel.
comentários(0)comente



João Vitor 16/07/2023

Ect
Imagine-se sozinho em um quarto sem portas e sem janelas, você andando de um ladro para o outro tentando não perder suas memórias e resgatando lembranças de toda sua vida para formar um grande mosaico. É mais ou menos assim que a protagonista do romance autobiográfico (?) ??A pequena outubrista??, da sueca Linda Boström Knausgård se sente. O livro aborda a sua luta com a bipolaridade e a experiência com o tratamento de ECT (eletroterapia, o infame eletrochoque), ainda hoje comum na Suécia, mas proibido em outros países. Linda, além de revelar esse lado sombrio da psiquiatria no romance, expurga a persona descrita pelo seu ex-marido, Karl Ove, na série ??minha luta??, e põe em cheque a importância de nossas memórias.

O romance possui uma diagramação diferente, com espaçamentos grandes entre parágrafos e diálogos, como se a protagonista estivesse tendo lapsos de memórias, tentando relembrar, mas sabendo que algo está faltando (consequência do eletrochoque). Linda, muitas vezes, escreve se dirigindo ao ex-marido, a nós, a ela mesma, contando sobre sua experiência com outros pacientes, enfermeiros e cuidadores, no que ela chama de ?a fábrica?. É no meio do tratamento da eletroconvulsoterapia que Linda tenta se agarrar as suas memórias de infância, juventude, casamento, filhos e ao ofício da escrita, uma rememoração de sua vida e escolhas.



Além de buscar ajuda, é preciso também questionar diagnósticos, medicamentos e tratamentos, assim como eu questionei o meu, como Linda questionou o dela.
E se eu tivesse aceitado e abraçado meu diagnóstico equivocado e não procurado outros médicos? Estaria tomando antipsicóticos e estabilizadores de humor prescritos sem necessidade? Eu me enxergaria e veria todas as escolhas da minha vida como antes? A sociedade me veria de outra forma? O meu ? ser ? no mundo, seria completamente diferente, haveria uma mudança, um impacto.
Todo diagnóstico tem um peso: emocional, mental e, também, social.

escrevo sobre livro no insta: @jojoaaao
comentários(0)comente



Clarispectiana 23/12/2022

Tipo de livro forte e recomendado para momentos precisos.

"A pequena outubrista" é um relato forte da escritora sueca Linda Knausgard, conta sua luta desde a infância com os problemas psicológicos e dos tratamentos com eletroconvulsoterapia (contra a sua vontade) e os diversos danos que eles tiveram em sua vida.

Quero o livro físico
comentários(0)comente



Rosana 10/11/2022

Em A pequena Outubrista, traz uma narrativa dolorida, pois relata tratamentos em que a protagonista foi submetida, por possíveis transtornos psiquiátricos, desde a internações coercitivas, e todo os tipos de horrores que eram submetidas as pacientes no local chamado de Fábrica.
No entanto, sabemos o quanto esta metodologia foi muito usado, como eletrochoques e todo o tipo de terror que pacientes com algum tipo de transtorno vivenciava nas "clínicas", acho que isso é o que é mais comovente.
comentários(0)comente



Carla Verçoza 27/04/2022

Interessante livro de memórias, a autora conta um período de sua vida, uma história forte e triste, em q, apesar de tudo, existe uma tentativa de seguir vivendo.

(Os muitos erros de revisão no ebook incomodaram, não sei se foi só meu arquivo, mas espero q livro físico não esteja tão ruim).
comentários(0)comente



Vivi 16/04/2022

A memória determina um todo em nossa vida. Através dela tudo é determinado em nosso futuro. Sem ela somos um poço escuro de desespero e aflição.
Meu Deus esse livro é angustiante, triste e necessário . Não quis me atentar ao linguajar a forma de escrita nada do tipo. Mas me colocar no lugar e nesse desespero que é se perder de si. Os momentos de " tratamentos " e convulsões e até mesmo em que ela conversava consigo mesma em seu desespero. É triste, é real e sim... um soco no estômago.
comentários(0)comente



stella 18/02/2022

a escrita me lembra bastante a da clarice lispector, palavras distintas em uma frase que mesmo assim eu entendo a ideia

nao sei se pelo fato de não ter capítulos, mas a troca de tempos (passado, presente) me deixou meio confusa às vezes

fora isso, achei bem sensível a forma como ela relatou os acontecimentos e sentimentos em relação aos eletrochoques
comentários(0)comente



Letícia | @mamaeliteraria 11/12/2021

decidi que não faria mais uma resenha de skoob mas sim, colocaria minhas sensações para depois consultar.
gosto de usar o site para outras consultas então, reservei o espaço da resenha para anotar mais algumas coisinhas.
então, caro leitor, se busca resenhas de minha parte, sinto muito te desapontar.
a pequena outubrista me causou uma indignação tamanha... como pode um tratamento tão arcaico ainda existir em algum canto do mundo?
a luta da autora em manter suas memórias mesmo depois de tudo que passou achei intrigante e foi o que me chamou atenção para a história.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Carol 02/08/2021

Impressões da Carol
Livro: A pequena outubrista {2019}?
Autora: Linda Boström Knausgår {Suécia, 1972-}
Tradução: Luciano Dutra
Editora: Rua do Sabão
270p.

"A pequena outubrista" é desses livros que desnorteiam o leitor. Não por descrever um terror hipotético, distópico, mas por relatar fatos absurdos, que violam a dignidade humana. Fatos esses ocorridos na Suécia, país de IDH invejável, acima de qualquer suspeita.

Linda Boström Knausgård relata, nesse romance autobiográfico, o período entre 2013 e 2017, no qual foi submetida à eletroconvulsoterapia (ECT) - choques elétricos no cérebro - para tratamento da bipolaridade.

A ECT é raramente utilizada nos países europeus e mesmo no Brasil, pois é um tratamento muito invasivo, que afeta sobremaneira a memória do paciente. Ainda assim, a ECT é amplamente utilizada na Suécia e, em muitos casos, coercitivamente, sem o consentimento do paciente.

"Dezoito ciclos de tratamento. Não me lembro de muita coisa. De praticamente nada. Eles não se importam com isso. Me surpreende o fato de eu mesma me importar, mas eu me importo mesmo. Converso a respeito disso com o médico responsável de plantão nos dez minutos que me cabem. Nunca é o mesmo médico responsável. Ninguém quer ficar nessa enfermaria que cheira a medo e desconcerto." p.21

Num exercício de resgate dessas memórias perdidas, Linda descreve o cotidiano na "Fábrica" - o nome pelo qual ela se refere à clínica em que esteve internada - e as pessoas com quem teve contato, a maioria imigrantes.

Descreve seu relacionamento conturbado com a mãe, uma famosa atriz sueca e o casamento com o ex-marido, Karl Ove Knausgård - sim, ele mesmo, o escritor homem branco hétero que escreve sobre as dificuldades de ser um escritor homem branco hétero (nada contra).

Reflete, ainda, a escrita, o trabalho criativo, a maternidade, as inseguranças que sente ao estar ausente, por ser atravessada pela condição de bipolar.

É um relato honesto, seco, sem condescender ao leitor. "A Pequena Outubrista" é um livro potente de uma escritora talentosa, que se questiona: o que pode uma escritora incapaz de recordar, incapaz de reconstruir suas memórias?

Presente de minha amiga @pri_calado. A tradução de Luciano Dutra é direta do sueco. A @editoraruadosabao está de parabéns pela curadoria. Indico.
Heloisa.Agibert 15/12/2021minha estante
Uma triste realidade dos tratamentos psiquiátricos de antigamente.




12 encontrados | exibindo 1 a 12