JP_Felix 06/04/2022
É... Ok
A história retrata uma aventura leve e descontraída, fácil de acompanhar, mas com isso acaba pecando em alguns pontos, como na densidade da trama. Embora senja uma aventura, não há sensação de perigo. Embora haja urgência, não há sensação de dificuldade. Embora haja conflitos, não há boas resoluções.
Não há tanto o que falar sobre a trama, basicamente é a história de um jovem aspirante a cavaleiro que recebe a missão de entregar uma carta ao rei, e ele entrega. O que acontece durante a jornada não é nada demais. O protagonista chega em um lugar e recebe ajuda. É perseguido e recebe ajuda. É caçado e recebe ajuda. É roubado e recebe ajuda. Não parece haver risco ou mérito, pois simplesmente vemos um mensageiro passando por situações com resoluções previsíveis e encontrando boas pessoas no caminho. Até os ladrões que encontra são bons com ele.
A história em si não é ruim, mas a trama não faz um bom trabalho em construir boas situações. Vemos tudo da perspectiva de alguém que não sabe de nada e não enfrenta nada, então o contexto de reinos em guerra não é mais que um mero detalhe de fundo. Apesar de a boa narrativa, que é o ponto forte, não há realmente reviravoltas, e mesmo as coisas que parecem ser preparações para algo maior no fim são apenas as coisas mais óbvias possíveis.
Durante a leitura, é possível imaginar que tal personagem pode não ser o que parece, mas acaba não sendo, e os personagens que tão claramente parecem ruins são apenas isso, pessoas ruins, pois a trama não parece se interessar em fazer algo complexo. Não há surpresas aqui, e até a dualidade de bem e mal é só mais um exemplo claro de maniqueísmo, onde os vilões, que não são muitos e não têm muita importância, aparecem literalmente dizendo que são maus, e isso chega a ser bem bobo, mesmo considerando que é um livro para o público mais jovem.
Mesmo se olharmos como literatura infantil, onde as coisas devem ser limpas e leves, não é uma boa obra, pois não há conflitos, não há o bem combatendo de verdade o mal e não há ação o bastante para que faça a obra valer a leitura uma vez que se busque uma aventura medieval com cavaleiros valentes. Por tal, a obra é mais contemplativa, algo para uma faixa maior de idade.
No fim, Carta ao Rei nada mais é que uma aventura bem rasa com alguns pontuais momentos realmente bons, como alguns diálogos casuais. A trama em si não instiga, não evolui e tudo se resolve sempre da forma mais fácil e simples possível, sem consequências ou dificuldades. Até o conteúdo da carta no fim não é nada demais, não passando de uma advertência tão óbvia que nem valeria a pena se arruscar para entregar.
Não é um livro necessariamente ruim, mas é uma história que sinceramente não consegue ser memorável e não é uma obra que fará você pensar que valeu muito a pena ler.