Kaique.Nunes 25/03/2019
Deus, um Delírio é o livro mais popular do neo-ateísmo, escrito pelo biólogo Richard Dawkins, um dos cientistas mais conhecidos da atualidade. É reconhecido por suas sínteses e explanações na divulgação científica, principalmente ao que se refere aos conceitos da teoria da evolução.
Porém, essa não é uma obra desse tipo, e sim uma declaração das crenças de Dawkins, principalmente de seu ateísmo. Para o autor, a fé religiosa é contrária a razão, e por isso irracional. Acredita que os avanços científicos deveriam ter extirpado a crença religiosa do mundo, pois Deus seria nada mais que uma infantilidade ou um parasita da mente (de acordo com seu conceito de meme que é um análogo ao gene, uma extensão da teoria darwinista para as questões de dimensão cultural).
No campo da ética, diz que não precisamos de Deus para sermos bons, pois, “somos naturalmente dotados de senso do certo e do errado, de uma profunda moralidade”. Com isso querendo dizer que a moralidade é facilmente explicada como um produto da seleção natural. Porém, em sua própria lógica, a ética se torna uma ilusão (justamente aquilo que tanto luta contra). Como diz Wilson e Ruse “Nessa lógica, a ética é uma ilusão que nossos genes cria, para nos enganar e nos ajudar a cooperar [...] A posição dos evolucionistas modernos é que os humanos têm consciência de moralidade, pois esse tipo de consciência tem importância biológica. A moralidade é somente um auxílio à sobrevivência e à reprodução”.
Irônico é que Dawkins sempre combateu a pseudociência e o fundamentalismo, porém, de acordo com a epistemologia de Mario Bunge, o conceito de meme do autor, sua maior contribuição acadêmica, é na verdade, ela própria uma pseudociência. Bunge é conhecido como um dos mais rigorosos aos critérios de demarcação da ciência, e baseando-se em sua epistemologia podemos dizer que a obra de Dawkins é uma pseudociência com ativismo ateísta. Com relação a sua abordagem, muitos ateus e agnósticos não concordam, vendo-o como um fundamentalista. Logo, devemos nos lembrar de Nietzsche, quando diz “Aquele que luta com monstros deve acautelar-se, para não tornar-se também um monstro”.
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