Juliana 28/12/2017
Volume 1
Nesse primeiro volume somos apresentados à uma estudante a nível de ensino médio, Misaki, que divide seu tempo entre os estudos e um trabalho de meio período após presenciar o abandono do pai.
O primeiro volume não fala muito das dificuldades enfrentadas por Misaki e sua família por conta da falta de dinheiro que a impede de ter uma vida como as das demais adolescentes da sua idade. Por conta da situação que se deu com o abandono de seu pai, a protagonista cria uma enorme aversão a homens que se reflete no seu trabalho como presidente do conselho estudantil.
O colégio onde Misaki estuda era apenas para homens, mas ainda que tenha se tornado misto, não dá voz às meninas e, por conta disso, o trabalho de Misaki como presidente do conselho estudantil ganha ainda mais importância e representatividade não só por ela ter sido a primeira menina a ocupar o cargo, mas também por ela ser a voz das estudantes dentro da escola. Misaki, porém, tem um enorme problema para lidar com os meninos. Por ser muito dura com eles, acaba plantando nos rapazes um sentimento de raiva e medo, que faz com que eles a enfrentem e a impede de manter um diálogo franco.
No meio de toda essa situação, os meninos pedem ajuda ao único estudante que “pode enfrentar” Misaki: Usui.
Usui é inteligentíssimo, bom em tudo o que faz e tem fama de “partir corações”, pois rejeita todas as meninas que declaram para ele. Por conta de todas essas “qualidades” de Usui, os meninos sempre pedem ajuda a ele para que algo seja negociado com a presidente. Ele, porém, sempre se omite de falar com ela, mas mantendo-se sempre por perto por Misaki ter sido a primeira garota que o interessou (pelo menos no contexto desse primeiro volume).
É visível o quanto Misaki, apesar de ser tão durona, competente e corajosa para enfrentar qualquer um ou qualquer coisa que seja, se sente intimidada com Usui e incomodada com seu comportamento. Foram várias as vezes que ela mencionou não conseguir desvendá-lo, saber o que pensa ou como se sente, de tão impassível que são suas expressões - sempre irônicas e sempre com um ar de tranquilidade.
Apesar de se sentir “pequena” perto dele, Misaki não se rende ao comportamento assediador de Usui (com o qual eu fiquei extremamente incomodada, porém, aliviada pela protagonista reagir). Misaki trabalha como meido - um tipo de empregada e tem que servir os clientes chamando-os de senhor e sendo extremamente submissa. Como se isso já não fosse machista, ridículo e humilhante o suficiente, Usui vai ao café todos os dias após a escola e muitas vezes demonstra um comportamento possessivo com relação a Misaki, principalmente quando ela está sendo assediada por outros homens. Apesar disso, Usui sempre ajuda Misaki a manter seu emprego de meido no café em segredo e procura aconselhá-la sobre a forma como poderia tratar os meninos.
A arte do mangá não chega a ser delicada, ressaltando bem algumas explosões de Misaki. Os traços não sexualizam suas personagens femininas e nem exaltam os masculinos. Não cheguei a pesquisar, mas acredito que tenha sido ilustrado por uma mulher.
Eu assisti ao anime há alguns anos e me lembro de ter gostado muito. Misaki é uma personagem forte e de atitude, que carrega uma enorme responsabilidade consigo e essa é uma das minhas maiores motivações para seguir com a leitura.