Daire 18/05/2024
Um livro repleto de humor e absurdos
O livro conta a história de Simão Bacamarte, um homem da ciência que vê na cidade de Itaguaí a oportunidade de estudar os mistérios da mente humana em relação à loucura, tornando-se um Alienista.
Bacamarte leva o projeto de recolher todos os loucos da cidade em um edifício ao governo da cidade e, maravilhados com tal ideia, lhe é permitido prosseguir com a empreitada. Assim é criada a Casa Verde, para esse propósito. Mas o problema começa quando o Alienista começa a encerrar na casa pessoas consideradas sãs. Daí surgem diversas situações absurdas.
Já vi muita gente falando de maneira muito séria desse livro, ressaltando a dualidade entre sanidade e loucura e vendo nesse conto uma crítica, análise ou questionamento buscando definir cada uma dessas duas coisas.
Mas a real é que o autor parece não levar seu próprio conto a sério, pois o preenche de várias situações de humor, muitas vezes cínico, e algumas vezes beirando o humor negro além das situações absurdas que comentei.
Situação por exemplo onde o médico põe tanta gente na casa alegando a insanidade delas que foi dito que dois terços da cidade (literalmente) estavam internados na tal Casa Verde, e o povo sempre, de algum modo, acabava concordando com os argumentos do médico.
Creio ser difícil não rir ao ler uma conversa entre o alienista e o padre de Itaguaí onde ele cita uma frase que estava no Corão, mas por achar que pegaria mal dizer a referência real ao padre, diz que a frase pertencia à BeneditoVIII.
Apesar de tudo isso, fica sim um questionamento sério: quem são os loucos nessa história toda?
Seriam aqueles que foram internados na Casa Verde? Seria o povo que, mesmo relutante, aceitavam tudo o que o alienista dizia? Seria o próprio médico, alienado pela própria pesquisa? Poderia ser eu, que achei graça disso tudo? Ou seria você, que está lendo esta resenha?
Recomendo que leia esse livro.
Mas não o leve a sério demais.