Thiago662 28/05/2023
Um paixão intensa ou apenas uma obsessão?
"Se faltamos a nós mesmos, falta-nos tudo".
"Tenho de suportar tanto! Ah, será que os homens antes de mim também já eram tão miseráveis?".
Um mar de reflexões! Sobre suicídio, moral, religião, política, classes sociais, desconforto social, incapacidade do homem em lidar com suas paixões...
Confesso, que por vezes o livro me cansou. Talvez por ser epistolar e não termos as devolutivas do destinatário, a quem só conhecemos o nome. É, em grande parte, uma obra filosófica. Werther se apaixonou por Lotte, uma moça comprometida, e aí teve início a sua ruína. Pobre Wilhelm, o destinatário das cartas e lamúrias de Werther.
Werther é chato, por vezes, e me perguntei a mesma coisa que Lotte quando fala com ele abertamente: se ela fosse solteira, seria alvo de avassaladora paixão? Acho que não! Parece que as atrações de Werther são sempre passageiras... por que não seria o amor? Mas esse o consome a ponto de...... Uma obsessão.
Um inconformado por natureza, "que nunca conseguia estar em paz consigo mesmo". Mas privilegiado. Há melhores e piores que nós, nós que, por vezes, olhamos para o lado errado.
A observação sobre o mau humor é sensacional:
"Nada me entristece mais do que quando às pessoas torturam umas as outras, ainda mais quando pessoas jovens, na flor da idade, que poderiam estar abertas para todas as alegrias, estragam os poucos dias bons com caretas, e só percebem tarde demais o insubstituível de seu desperdício".
"Será que não é suficiente não conseguirmos tornar felizes uns aos outros? Será que temos ainda que roubar uns dos outros o prazer que cada coração carrega em si? E cite-me uma pessoa de mau humor que seja, ao mesmo tempo, tão hábil em escondê-lo, em carregá-lo sozinho, sem, no entanto, destruir a alegria a sua volta!".
Mais uma edição fantástica da Antofágica, embora não tenha curtido muito os pósfacios.