Resenhas - Os Sofrimentos do Jovem Werther

Phelip 20/09/2020

Clássico é atemporal
Os Sofrimentos do Jovem Werther foi o primeiro best seller da história, além é claro, de influenciar o vestuário da época e provocar fenômenos sociais. Para ter-se uma noção da grandiosidade da obra, Napoleão a leu 7 vezes. Entretanto, a obra é mais que apenas o sucesso de público as demais características apresentadas a coloca na prateleira dos clássicos.

O primeiro destaque é para a atemporalidade da obra, o roteiro funcionaria se transposto a qualquer época, pois o enfoque é nos conflitos internos do protagonista e na sua visão que progressivamente torna-se distorcida. É uma obra que funcionará para o público erudito ou para o leitor descompromissado que procura a diversão. De exigentes literatos a leitores para diversão a narrativa conseguirá.

O segundo ponto a ser destacado é que a grandiosidade da obra vai além da capacidade narrativa, que engloba alguns personagens (um deles sequer dialoga). A genialidade consiste em criar uma narrativa que além de agradar diversos públicos, as diversas camadas contidas na narrativa a tornam objeto de análise para diversas áreas de estudo: Werther é um arquétipo de personagem depressivo.

Essa habilidade única em criar personagens fictícios com uma personalidade real fica evidente quando o autor adianta-se cerca de 300 anos em relação ao conhecimento do processo de depressão: inicialmente vemos Werther com a perca do interesse pelas atividades de lazer, progride para uma depressão que interfere nas atividades laborais e por fim entra num estado de melancolia e anedonia (perda do interesse total pela vida) culminando no suicídio como ato final. A história foi inspirada nas aflições do próprio autor o qual mediante a ideação suicida não a executou, transpondo a sua maior decepção para o protagonista.

Do ponto de vista sociológico a contextualização levaria a uma discussão que seria tão extensa que fugiria do escopo da resenha. Mas pode-se destacar que a obra apresenta uma crítica a moralidade da época, ao exclusivismo aristocrático e uma crítica aos costumes. A jovem pelo qual o protagonista se apaixona, Lotte, já compromissada, a despeito do moralismo formal e de manter-se fiel às tradições nutre a esperança do apaixonado e posteriormente ensandecido Werther.

Como todo clássico é uma obra que contribuirá para a formação do imaginário, e também para entender determinados padrões apresentados a época.

Lídia 21/07/2021

Os sofrimentos do jovem Werther também são os nossos
Um livro de beleza admirável. Seja pelas descrições e contemplações do jovem Werther sobre a natureza, seja pela profundidade dos sentimentos por ele expressos.
O jovem Werther nos leva a refletir sobre a vida, sobre os desejos, sobre o amor, sobre a coragem para enfrentar as dificuldades de não possuir o que queremos.

Andre.Crespo 26/08/2009

Werther e seus sofrimentos
Todos conhecem Goethe por causa de "Fausto", sua obra-prima, que também li. Este é um ótimo livro, mesmo que muito complexo. Em "Werther", Goethe preferiu fazer uma narrativa não a partir de poemas, mas sim de cartas. Algo incomum, não? Ao perceber que o livro era assim, fiquei com aquela sensação de que seria chato. Mas acabou não sendo assim.

O livro conta a história de um rapaz que se apaixona perdidamente por uma mulher, Carlota. Até aí tudo bem, pois todos se apaixonam. O único e grave problema é que esta é prometida a Alberto, com quem acaba se casando.

Mesmo com essa união, Werther não consegue se libertar de seu amor por Carlota. Ele tenta esquecê-la, se empregando na área judiciária. Acaba não se dando bem com os superiores e se demite de lá para voltar ao lugar onde morava e reencontrar seu grande amor.

Com o passar do tempo, seu amor por ela vai se tornando doentio. Ele toca várias vezes na possibilidade de se matar. Ela também o ama, de certa forma. Prova disso é o beijo trocado pelos dois já no final do livro. Isso faz com que Werther mantenha a ideia de se suicidar e acaba dando cabo disso.

Deixando a história de lado, percebe-se aqui um Goethe pessimista e melancólico, assim como em "Fausto". Quando lê-se esse livro, não há esperanças de que Werther consiga se casar com Carlota e realizar o desejo de sua vida. Pelo menos foi isso o que senti.

Certas partes foram muito tocantes. Penso que nunca li uma história em que um personagem era tão apaixonado por outro. Ela era literalmente sua vida, e sem ela, ele não era nada.

Ás vezes eu pensava: existem tantas mulheres no mundo e ele está sofrendo apenas por uma? Deve-se lembrar que isso é literatura, e mesmo na vida real, muitas pessoas matam outras ou se matam por causa do amor.

A única ressalva que faço foi o fato de Goethe não saber, em algumas partes, entreter o leitor. Algumas cartas poderiam ser cortadas do livro para que a narrativa se tornasse mais atrativa. A não ser isso, gostei muito do livro, principalmente de sua linguagem clássica. Só não posso ficar lendo muitos livros pessimistas assim toda hora...

mreane 19/04/2021

people are dying, honey
O personagem principal é extremamente mimado, depende da mãe, não aceita que ninguém discorde da opinião dele e entra em colapso quando leva um fora. Sei que é um livro antigo e tal, mas o Wherter é um porre. Inclusive por isso que a moça não quis casar com ele.

Raffert 07/10/2009

Esta coisa louca chamada amor.
Quando Werther diz: "Eu tenho tudo. Sem a presença dela, tenho nada."
Confessem, quem já não se sentiu assim alguma, ou algumas, vez. A solidão dele é identica a de Don Juan. Seria polêmica minha afirmação?
Werther se suicida por não ter seu objeto de desejo. Don Juan se deixa suicidar por não encontrar seu objeto de desejo, a perfeição do humano. Excelente.

Antonio.Junior 03/10/2021

Paixão contagiosa
Um livro apaixonante. Os ímpetos do amor de Werther são realmente contagiantes! Tão contagiantes que, no final da leitura, você acabará se questionado se no fim, você mesmo não está apaixonado também.
Meu primeiro Goethe, mal posso esperar pra pegar o Fausto pra ler.

Libio 22/08/2021

Geralmente é incompreensivo o ato de tirar a própria vida. Porém nestas cartas que Werther escreve ao seu amigo, mostra-nos o que levou-o a decisão. Achei interessante, mas não recomendaria esta leitura para quem esteja passando por algum momento difícil na vida - a não ser que haja uma boa resiliência emocional.

Jamburanaa 05/10/2020

A saga do homem chorão contada de maneira muito bonita
De maneira geral o livro inteiro se resume aos lamentos do Werther em relação a sua paixão sem precedentes por Lote, mesmo que esta já esteja comprometida com outro. O desenrolar da narrativa por meio das cartas com pausas mínimas de tempo entre elas (as vezes nem um dia de diferença) potencializaram a ideia de amor visceral que cresce dentro do personagem mesmo que isso não seja sentido pelos demais personagens! A visão privilegiada do leitor em relação aos pensamentos e desejos ocultos é a parte mais gostosa do livro. Queria apagar da mente e ler tudo como se fosse a primeira vez

Karol 03/06/2021

Obra-prima e esplêndido
A narrativa é cativante: ao mesmo tempo em que se ria da dramaturgia do alemão, facilmente, era provável que se chorasse. Assim, realizo que Goethe nunca acertou tanto nos detalhes, por exemplo, no modo alegre de descrever a natureza e o amor do protagonista, já não eram os mesmos no período feliz e no melancólico. Aliás, usar o termo "melancólico", para Werther, no fim do livro é ordinário, já que este estava mais para um luto ou pré-luto. Isso tudo de uma forma tão bem escrita e contada.
Enfim, esse livro é perfeito e Werther poderia ser um amigo meu, facilmente. Mesmo depois de tantos anos, ele ainda é atual.

queridasreticencias 06/11/2021

Sentimentos exarcebados
Prepare seu coração para tanto drama! Werther literalmente morreu de amor. Se deixou levar por um sentimento por alguém que já era comprometida e isso o paralisou. Entretanto, que coração bondoso e puro, era um verdadeiro artista! Não sei o que diria à ele caso fosse responder suas cartas, mas com certeza gostaria de o ter como amigo.

Benício 09/08/2021

Desculpem o desabafo. RIP. Camila
Fazem-se 5 anos amanhã que você se foi, Camila, eu nunca recebi uma pancada tão forte como no dia que cheguei à escola e descobrir, que após ler esse livro, você se suicidou. Como eu passei anos tentando intender a amplitude e magnitude de tudo isso. Agora eu compreendo, ninguém nunca vai conseguir se colocar no lugar do outro, empatia não existe, o que você sentia suas dores eram só suas e ninguém poderia se colocar em seu lugar, apenas supomos que doía.

Todos os anos essa é a segunda data mais dolorosa, a primeira foi quando lemos esse livros juntos e conjecturamos um dia nos matarmos e você cumpriu. Sou um covarde e assim como o jovem Wether: sabe Deus quantas vezes vou para a cama com o desejo, até mesmo com a esperança, de nunca mais acordar.

Há tantas coisas trancadas aqui dentro, e o mais o incrível é somo a solidão sempre se apossa dos meus pensamentos quando chega esse dia, todos os anos.

09/08/2016 RIP Camila Deitz!

Leila de Carvalho e Gonçalves 19/12/2020

Cartas Para Wilhelm
Publicado originalmente em 1774, "Os Sofrimentos do Jovem Werther" foi escrito em apenas quatro semanas por Johann Wolfgang von Goethe e, desafiando a passagem do tempo, é considerado como o mais famoso e importante romance alemão.

Sua história remete a banalização da vida e glamourização da morte e foi inspirada em dois fatos reais. O primeiro refere-se ao envolvimento do escritor com uma mulher casada e o segundo ao relato sobre um homem que tirou a própria vida em virtude de uma desilusão amorosa.

Apontado como marco fundamental do Romantismo, sua leitura é uma boa sugestão para compreender esse movimento. Seu texto apresenta com subjetividade e emoção uma paixão platônica de tal forma idealizada, que o desejo de escapismo conduz à tragédia. Em linhas gerais, trata-se da obsessão de Werther por Charlotte, uma jovem comprometida com outro homem.

O livro é narrado através de cartas do protagonista para um amigo chamado Wilhelm, e oferece a perspectiva unilateral de uma história apontada como responsável por uma onda de suicídios na Europa por conta do forte impacto nos "corações despedaçados" da época.

Esse fenômeno, nomeado Efeito Werther pelo sociólogo David P. Phillips, é usado para designar um padrão de comportamento suicida após a divulgação de um suicídio por veículos midiáticos. Um assunto que está relacionado a uma das doenças mais prevalentes no mundo, a depressão, e ambos são abordados na Fortuna Crítica do livro. De autoria do psiquiatra Victor Mera, ?Do Werther Ao Efeito Werther: A Identificação De Um Fenômeno Social? superou minhas expectativas e recomendo não deixar esse texto para trás.

Também não deixe para trás Goethe Um Gênio Universal De Inegável Qualidade, da professora Claudia Dornbush que igualmente é responsável pela tradução do romance. Seu conteúdo, ao apresentar a trajetória de Goethe, oferece ao leitor uma aula sobre o Classicismo e Romantismo na Alemanha.

Ainda há um último texto. O relato de Luisa Geisler, Minha Carta-Resposta a Werther, descreve como ela ainda adolescente, tomou contato com a narrativa e qual foi sua reação. Uma experiência parecida com a minha e talvez com a sua, contudo mesmo que não haja qualquer semelhança, a maneira franca e descontraída a escritora apresenta, irá conquistá-lo.

Enfim, com Prefácio de Pedro Pacífico, delicadas ilustrações L. M. Melite, além de projeto gráfico, capa e diagramação a cargo de Alles Blau, essa é mais uma edição primorosa da Antofágica. Sem dúvida, um dos melhores lançamentos desse final de ano, ideal para compor sua biblioteca e ou presentear. ? ? ??

Rafael 21/07/2021

A atemporalidade de Werther
Curiosamente, Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) era o poeta preferido de DuBois, o homenageado da última resenha que fiz. A partir dessa admiração literária, aproveito a ocasião para discorrer sobre minha experiência com "Os sofrimentos do jovem Werther", livro escrito pelo referido mestre alemão em 1774.

Após mudar-se para uma "região paradisíaca" (p. 22) e aparentemente interiorana e pouco explorada de seu país, o jovem Werther, protagonista da obra, tem muito a partilhar. Por ser um romance epistolar, o livro é marcado cronologicamente pelas correspondências que Werther troca com Wilhelm, seu querido amigo.

Nas cartas iniciais, para além da rica percepção que Werther manifesta sobre a amizade, é possível observar chamados à contemplação genuína das belezas naturais existentes, à gratidão e, por outro lado, ao desprezo às futilidades e aos interesses menores, como fama e dinheiro, que impõem ao ser uma vida servil e medíocre.

Os sofrimentos para os quais o título nos leva a prontamente observar são vivos! À medida em que cresce a paixão não correspondida de Werther por Charlotte, elevam-se as angústias expressas nas cartas. E sentimos por isso, já que íntimos somos do jovem protagonista a essa altura!

A atemporalidade dessa obra se justifica pelo impacto que ainda hoje pode nos proporcionar ao lê-la, o que faz dela um clássico. À época, quando escrita, foi um produto fiel do "Sturm und Drang" (tempestade e ímpeto), movimento filosófico e literário romântico alemão que valorizou a livre expressão dos sentimentos e da sensibilidade da exploração de novas formas de escrita.

Em razão do desfecho triste e fatal de Werther (suicídio) e de um número alto de registros em igual sentido por todo o mundo, ainda hoje o livro serve de parâmetro para estudos de "efeito de contágio" (indução à prática do ato por meio de uma espécie de imitação) ou "efeito Werther".

Ah, essa edição da Antofágica, com ilustrações do quadrinista L. M. Melite, é fantástica!

celle 20/12/2020

Apontamentos
"ela é sagrada para mim. Em sua presença todos os desejos se calam" (p. 80)

"Guilherme, são ilusões o que nos fazem felizes?" (p. 81)

"rio-me do meu próprio coração - e vou fazendo tudo o que ele ordena." (p. 123)

"de fato, Guilherme, é horrivelmente irritante ver tanta gente sem compreensão e sentimento para as raras coisas que no mundo ainda têm valor." (p.129)

"meu caro amigo, cada vez mais me convenço de que a existência humana é quase nada." (p. 132)

"ela faz de mim tudo que quer." (p. 135)

"o que eu sei qualquer um pode saber, mas o meu coração é meu, inteiramente meu, só meu." (p. 121)

Conclusão: o romance é extremamente lindo e emocionante. O amor e a paixão nos fazem humanos e nos dão sentido à vida, acredito eu.
O amor romântico é escasso hoje. Quem, hoje, ama verdadeiramente? O que temos é uma abundância de liquidez, devassidão e materialismo. Bauman talvez nos guie sobre isso.

Contudo e todavia, Werther (em minha opinião) é um retrato extremamente exagerado disso kakaka

Eu amei cada pedacinho da obra e também a loucura do protagonista. Sim, para mim ele foi invadido pela loucura!!