JP_Felix 14/05/2024
Lazzy Runner
Eu tenho mais a falar do que deveria, mas a culpa é totalmente do livro. Vou pegar no pé dos detalhes, mas só porque a melhor forma de resumir o livro é: muito detalhe para pouco plano amplo. Simplesmente um volume de mais de 400 páginas para criar um mistério que não se aprofunda. Demora uma vida para sequer conhecermos algumas regras do labirinto.
Desnecessário tanto mistério. O tempo que levou para convencer o prota de que não havia tempo para explicar era o tempo que poderiam usar para explicar pelo menos o básico, nem é tão complicado, poderia ser dito em 10 minutos. As perguntas não foram respondidas propositalmente para tentar gerar um clima de mistério que não condiz com o ambiente.
Por exemplo: "Você não vai viver se explicarmos as coisas agora". A explicação: sabemos bem pouco e o que sabemos é dúbio. E ele conhecer as regras não faz ele ficar pior nem deixa mais difícil, é justamente o contrário, não saber das coisas é que é perigoso.
"Você não entende, tá aqui só há uns dias". Claro que não entende, vocês não explicam. Realmente é válido perguntar por que não há grupos de busca.
Apesar do modo jovem de falar, eles não parecem pensar como jovens. Em vez de se impressionar com um feito incrível e que traz esperanças, muitos ficam inclinados nas implicações de quebrarem as regras só pelo drama. Pelo amor de Zeus, gente, é uma galera de 12 a 17 anos, todos deveriam ficar eufóricos, deveriam ser mais impulsivos. Qual o sentido de colocar todo o elenco sendo jovem se no fim agem como adultos frios e centrados?
O cara babaca é o mais realista. A inveja e um indício de desconfiança faz ele agir igual a um imbecil, e isso é crível porque é um muleque de 16 anos que passou pela transformação, mas por outro lado o resto da galera é tão mais centrada, mesmo os mais jovens, que ele parece destoante.
A ideia dele desconfiança é estúpida porque é colocada como estúpida, já que todos soam mais sensatos, mas não é como se a teoria dele fosse rebatida logicamente. Tipo, "como ele é tão bom em tal coisa?" pode ser respondido com "vocês n sabem nada sobre ele, o cara poderia ser campeão olímpico antes de ser mandado até aí". Mas em vez de trabalhar esse tipo de coisa, fica parecendo que o garoto só é estúpido por ser estúpido no meio de outros garotos mais sensatos que nem realmente demonstram nada. Por todos os jovens agirem como adultos, parece até que o jovem que age como jovem é que é mal escrito.
Da mesma forma, quando sugere um absurdo, é exatamente isso que parece, absurdo. Não uma decisão de um jovem imprudente, impulsivo ou incerto, mas uma decisão que não condiz com o personagem minimamente centrado que se demonstrava até então. Quando agem como jovens, parecem estar atuando. É estranho. No meio de garotos agindo como adultos a uns focos de "a gente faz quando tiver a fim", como se fosse um adulto agindo como criança.
No geral, reclamei muito, mas não é um livro ruim. É legal, mas é uma obra com cara de amadora. É bem escrita, tem uma ideia muito interessante, mas o que realmente faz é pouco. Claramente é um livro pensado em fazer uma franquia grande, e apesar de isso não ser regra, muitas vezes isso significa que o primeiro volume poderia ter metade do tamanho que tem. É tanto drama para apresentar as perguntas que não há espaço para respostas. Quando sabemos as respostas, parece só raso, já que tudo vem em um único diálogo e logo depois há algo que pode dizer que na verdade isso talvez nem seja verdade.
Simplesmente o livro tenta criar um mistério, mas é tão "misterioso" que apresenta as regras antes de criar um mistério real. Basicamente a história quer que você faça perguntas e isso te mantenha por 400 páginas. Mas as perguntas se resumem a: o que é o labirinto, por que estão ali e qual o lance da memória. E nada disso parece absurdo o bastante para cativar ou provocar curiosidade porque são 400 páginas que não instigam você a querer descobrir algo, você só quer que a história avance e que algo aconteça.
A explicação no fim é algo do tipo "é um experimento". E eu fico tipo "sério? Não diga". E o objetivo disso, sem spoilers, é simplesmente uma idiotice de tão raso e sem sentido. Não sei como isso vai se aplicae no futuro, mas neste volume isoladamente só soa besta.
Acho que esse é um problema de narrativa que poderia ser resolvido resumindo este livro e anexando ao próximo, deixando o labirinto como a primeira metade da história e aprofundando o mistério na segunda.