Amanda | @luzemlivros 10/03/2022
Terminei a leitura desse livro com aquela sensação gostosa e acalentadora que um livro de fantasia com elementos mágicos sempre me traz. Por isso, logo ao terminar dei 4 estrelas para a leitura. Mas ao pensar em todas as coisas que me incomodaram ao longo do livro, percebi que teria que diminuir a nota para 3 (e ainda acho que estou sendo generosa, mesmo que eu tenha gostado da história, apesar de tudo).
A Dança da Floresta é um reconto de alguns contos de fadas e estes elementos estão nítidos em cada página. Juliet Marillier nos ambienta com maestria num castelo na Transilvânia e no mundo mítico em que nossa protagonista e suas irmãs transitam. Achei que a história tinha grande potencial e tem muitos elementos que amo em fantasias, mas não foi bem executada. A começar pelos personagens? um mais frustrante que o outro e a principal sendo a protagonista, Jena. Ela é supostamente uma garota inteligente, independente e madura, que assumiu as responsabilidades da casa e consegue ministrar os negócios do pai, mas essas características só nos são ditas sobre ela, em suas ações nada disso é transparecido. O que realmente é mostrado é uma personagem infantil, imatura e mosca morta que só aceita tudo de ruim que vai acontecendo sem nunca tentar realmente fazer algo que vá trazer resultados (o primo dela chega a literalmente pegar o baú com todo o dinheiro que ela tem pra se sustentar durante o inverno das mãos dela e ela não faz NADA, não tenta pegar de volta, não manda ele se lascar, não exerce a autoridade que ela supostamente tem na própria casa, N A D A. Pelo amor de deus, Jena, REAGE!!). É cada ideia mirabolante que ela tem ao longo do livro que atingi níveis máximos de frustração.
Mas nada se compara à minha frustração com Tatiana. Se Jena é uma mosca morta, não há palavras para o que sua irmã mais velha é. Ao menos Jena TENTA ajudar as irmãs, tenta resolver os problemas da casa, se preocupa com os seres do outro mundo que elas visitam, etc. Tatiana encontra UMA VEZ com um cara, não troca uma palavra com ele e automaticamente está perdidamente apaixonada ao ponto de abandonar todas as obrigações com as irmãs mais novas que ela deveria ajudar a criar, ainda mais na ausência do pai. E quando isso não é suficiente para expressar todo o ~~imenso amor~~ que ela sente, a criatura me inventa de PARAR DE COMER só porque ta com saudade. ?Aaaiii, só posso ver o meu amor uma vez ao mês e nos outros 29 dias me matarei de fome ao ponto de quase sumir porque é claro que isso vai resolver meus problemas?. Que tal se manter forte para que possa estar presente quando o teu amor conseguir completar a missão dele? Que tal ajudar as suas irmãs a manterem a casa de vocês? Que tal não definhar a ponto de quase morrer e traumatizar a sua irmã mais nova que só tem 5 fucking anos?? Meus parabéns, Tatiana. Você ganha o prêmio de personagem mais inútil, imbecil e egoísta que tive o desprazer de ler.
O antagonista da história, Cezar, também não entrega absolutamente nada. Suas atitudes são completamente frustrantes, mas ele não me pareceu um bom vilão simplesmente porque não tem uma boa construção de personagem. Não tem uma história convincente por trás sobre porquê ele faz as coisas que faz. O cara ser babaca somente por ser babaca não me convence de nada.
Enfim, em muitos momentos também achei a história muito previsível, mas acho que é algo a se esperar num livro baseado em contos de fadas. O livro também deixa muita coisa mal resolvida, tem buracos na história, os diálogos são um tanto quanto toscos em alguns momentos? falando assim, enumerando todos os elementos que me incomodaram, não to conseguindo mais pensar no que eu gostei nesse livro KKKK foi intrigante o suficiente para me fazer terminar (o que pra mim já vale muito, pois abandono logo se ta ruim) e ficar ansiosa para saber o que ia acontecer ao longo da leitura. Provavelmente eu teria gostado muito mais se tivesse lido quando era mais nova, mas a essa altura do campeonato não atendeu às minhas expectativas.