rxvenants 23/01/2019Raso e problemático.A intenção do livro é legal. Gosto quando um autor escolhe um personagem ou uma história famosa e cria algo novo baseado nos mesmos.
Porém, apesar das boas intenções, achei o livro bem raso.
Sinceramente, quando compro livros assim, não espero nenhum Stephen King ou um concorrente ao Nobel da Literatura, pois quero algo apenas para me divertir e que não tenha tanta profundidade, mas sempre espero pelo menos algo que não pareça feito às pressas. Entretanto, não vou ficar caçando defeito em algo que eu comprei já sabendo dos possíveis erros.
Alguns pontos que considerei negativos do livro: inicialmente, as passagens de tempo. Estas foram as primeiras coisas que notei. O autor pula dias, semanas e meses de forma muito rápida e essa falta de interação entre acontecimentos e tempo me incomodou bastante.
O problema com tempo também acontece no fatos dos problemas se resolverem em duas páginas.
O desenvolvimento de personagens também me deixou meio triste com o livro. Primeiro, a inocência do Walter me incomodou. Segundo, a aceitação da Lucy sobre tudo foi bizarra.
A Charlotte foi colocada como vilã e lunática, o que achei legal até certo ponto, pois todos os amantes da literatura inglesa sabem o quão problemático era a família Brontë, mas achei que a participação dela não afetou absolutamente nada, se ela não estivesse no livro, eu não teria sentido falta.
Por último, a coisa que mais me incomodou foi a representatividade LGBTQ+ mal feita. Eu posso perdoar todos os erros, mas esse, não. Achei legal o autor querer incluir, mas que pelo menos fugisse de estereótipos.
O fim de Kelly, um personagem homossexual, foi exatamente aquilo que muitos autores fizeram: um fim trágico. Ele tinha um companheiro por 10 anos, mas ele TINHA que ser traído. Porque não existe isso de gays terem um final normal/feliz ou um companheiro que não morre ou não trai (notem aqui minha ironia).
A bissexualidade foi, novamente, apresentada como um homem ou mulher (no caso do livro, Byron) que fica com todo mundo e não liga pras emoções dos outros (sem falar que muitas vezes fiquei confusa se ele era bi mesmo ou apenas um cara que amava homens e usava mulheres por não ter nada o que fazer) e não tem nenhum outro papel além de encher cota, ficar com pessoas e ser escroto com elas.
Byron é o exemplo do quão tóxico é a representatividade bi na mídia. Horrível.
Por fim, alguns pontos positivos: os trechos de Constance e a ligação com a história. Achei legal e bem justificado dentro da história.
A ligação entre o afogamento de Evelyn e Jane também foi bem criativo. Não sei se o autor teve a intenção, mas foi difícil pra mim não ligar o afogamento das duas e de como Walter queria salvar Evelyn, mas não pode e como ele pode sim salvar Jane.
Enfim, apesar da leitura fácil (terminei em 3 horas) e de saber no que estava me metendo quando me propus a ler o livro, graças ao enredo jogado e aos personagens problemáticos, não posso dar pra ele mais de uma estrela.