Vitoria.Milliole 06/01/2024
Que livro doido! Quase um conto, com suas 89 páginas ? apesar de o skoob estar marcando como 107 ?, "Eu sou você, nós somos ele" não poderia ter um título mais coerente. Dois irmãos que dividem o mesmo corpo. Almas distintas. Pensamentos próprios.
Adam sempre foi visto como o esquisito, até mesmo para a própria irmã. Quando criança, passou por vários psicólogos e psiquiatras, mas ninguém chegava a um consenso sobre sua inquietude, suas brigas consigo mesmo e seu isolamento do restante de sociedade. Mas é claro, ninguém poderia entender que, apesar de um corpo aparentemente normal, duas consciências o habitavam. E incrivelmente não estamos falando de um transtorno dissociativo de identidade: as mentes dos dois funcionam muito bem, obrigado.
Quando ainda crianças, eles se autonomearam Caim e Abel. O nome escolhido pelos pais ter sido Adam foi só uma coincidência.
"Interiormente ele se dividia em duas mentes distintas, duas almas em um só corpo e duas consciências compartilhadas. Um pegara o nome de Abel, por não querer ser o assassino. O outro escolhera chamar-se Caim, por não querer ser o morto."
A personalidade dos dois é completamente diferente e casa completamente com os nomes escolhidos por cada um: Abel é mais sentimental, recluso e inseguro; Caim, mais pé no chão, sério e ranzinza. Mas um não vive sem o outro, em todos os sentidos possíveis.
No início, pensei que não seria uma leitura tão envolvente. Poucas páginas, poucos personagens e um conflito único não poderiam trazer tanta história assim, poderia? Pois não só poderia como trouxe. Ver os dois irmãos, no corpo de Adam, vivendo seus conflitos internos e se revelando para o mundo foi mesmo surpreendente. A história tomou um rumo que eu não esperava e foi uma grata surpresa, e tenho que dizer que o paralelo com a bíblia foi sensacional.
Abro um parêntese para dizer que os erros de revisão tiveram um impacto significativo na minha leitura. Confusão de "a", "à" e "há" ? que tem sentidos completamente diferentes ?, uso errado dos porquês (que a gente até releva porque, né, são mesmo difíceis de gravar) e, principalmente, bastante ausência de vírgulas pra isolar vocativos com uma certa frequência me incomodaram bastante, confesso. Mas talvez eu que seja meio chata com isso.