Giro Letra 04/06/2011
Wake
"Ele está sentado em uma cela escura da cadeia. Sozinho. Acima de sua cabeça está um sinal que diz: 'Traficante'.
Janie observa do lado de fora da cela.
Ele está de cabeça baixa.
A cena muda abruptamente.
Ele está no quarto de Janie, sentado no chão, escrevendo algo em um bloco de papel. Sozinho. Levanta o olhar para ela, chamando-a com os olhos. Ela dá uns passos à frente.
Ele levanta o bloco para ela ver.
Não é o que você pensa.É isso que está escrito no papel.
Arranca aquela folha de papel. Debaixo dela está uma outra com algo que ele escreveu.
Acho que estou apaixonado por você."
Wake é o primeiro livro de uma trilogia que vai embarcar no mundo onírico. Esse primeiro livro da trilogia nos faz mais uma apresentação das personagens que iremos acompanhar nos próximos romances. Janie, a protagonista, é uma garota que, desde os oito anos de idade, vive a realidade de ser sugada para os sonhos dos outros. Essas experiências acontecem esporadicamente, porém, à medida que Janie chega à adolescência, elas vão ficando mais intensas e comuns, de modo que sempre que Janie está próxima à alguém que está dormindo e tendo um sonho ou pesadelo, a jovem é arrastada para o mesmo.
Quando Janie tem 13 anos de idade, conhece Carrie, sua nova vizinha, que se tornará sua melhor amiga. Carrie tem amizade com Melinda, a qual, gratuitamente, não gosta de Janie, talvez, como analisa a protagonista, pelo simples fato de Janie ser pobre financeiramente. Contudo, Carrie tem amizade com Melinda, fato que faz com que, eventualmente, as três estejam juntas.
A partir daí, boa parte da história vai ser a descrição dos sonhos para os quais Janie é sugada. Somado a isso, aparece no enredo um rapaz, chamado Cabel Strumheller, que é mais velho que Janie, mas está na mesma série que ela. Constantemente, ela entra nos sonhos de Cabel, quando este dorme na sala de estudos da escola e Janie vê que, nesses sonhos, os dois se beijam intensamente, fato que ela não compreende, uma vez que os dois mal se falam. Depois de algum tempo que ele está no mesmo ano que Janie, em uma noite, Janie é convencida por Carrie a ir a uma festa, dessas cujo estilo Janie não é exatamente fã, entretanto, depois de muita insistência, ela termina aceitando o convite da amiga. Numa dança comum nessa festa, um rapaz tenta passar a mão em suas partes íntimas e ela sai fugindo, sendo amparada por Cabel, que a conduz até a casa dela, de skate.
Depois disso, ele aparece na escola totalmente mudado, com um estilo bem diferente e se tornando irresistível para as meninas da escola. Mas Janie o reconhece e, ao abordá-lo, ele faz com ela uma brincadeira, julgada pela mesma, como de mau gosto, de modo que ela passa a evitá-lo, negando, inclusive, as eventuais caronas que eram oferecidas a ele por ela. Eles só terão a oportunidade de conversar novamente quando a escola resolve fazer um passeio a Stratford. Nessa viagem, Cabel termina por descobrir essa peculiaridade de Janie, aproxima-se bastante dela e eles terminam por se envolver romanticamente. Quando voltam de viagem, ela tem uma conversa com ele, em que explica como funciona sua entrada nos sonhos, eles se beijam, entusiamados um com o outro, e fica combinado de se verem novamente no dia seguinte.
Porém, para decepção de Janie, Cabel não aparece. Além disso, ela descobre que, na hora que devia estar com ela, ele estava em uma festa, na qual se envolveu com Shay, uma aluna riquinha que também não gostava de Janie, e ainda por cima foi preso por estar envolvido com drogas. A partir de então, o prosseguimento da leitura vai desvendar alguns mistérios: por que Cabel deixou Janie esperando? Por que ele se envolve com drogas? Por que ele disse estar apaixonado por Janie se estava envolvido com Shay? Além disso, com relação aos sonhos para os quais Janie é sugada, ela pode ajudar as pessoas nesses sonhos? Como? Apenas ela é apanhadora de sonhos? Ou existem outras pessoas assim? Só a leitura do livro é que nos dará essas respostas.
Wake traz uma leitura interessante, porém a sua linguagem não é tão literária assim, isto é, a linguagem com a qual a autora nos conta a história é um tanto quanto pobre, além disso, a história em si, pelo menos em Wake (espera-se que nos demais livros da trilogia, esse problema seja sanado), é simplória demais, não há desenvolvimento da história, tampouco há um conflito que chame verdadeiramente a atenção. Grande parte do livro (como já mencionado) é contando como são os sonhos para os quais a personagem principal é arrastada, de modo que chega a um ponto que isso se torna cansativo, não há progressão dos fatos. Apesar disso, é uma boa leitura, suscitando em nós a curiosidade para o prosseguimento da história.
Patrícia Tavares