Resenhas - Migração e intolerância

Marcos 01/01/2024

Qual a linha que separa os valores da intolerância
É um livro curto que traz boas reflexões de Eco sobre a Intolerância e a Migração. O que mais me chamou a atenção é que ele já busca discutir essa linha divisória entre nossos valores e nossa intolerância. Por exemplo, a França proíbe o uso do Hijab e outros símbolos religiosos visíveis em escolas. Pode parecer intolerância mas devemos ter em mente o passado iluminista da França que trouxe o estado laico para discussão, a separação entre religião e Estado. Esse é um valor muito importante para a sociedade francesa. A ponto dos jogadores de futebol brasileiros tomarem olhares de estranhamento quando falam em puxar uma oração antes do jogo (e olha que eu concordo com os franceses, religião é algo individual). Mas, até que ponto o uso de uma vestimenta ou símbolo religioso pode ser impedido de ser usado sem se tornar intolerância religiosa?
Além desse tema, Eco também discute a Migração. Necessária para a Europa por questões econômicas, mas mal vista por questões políticas. A retórica de "eles estão vindo roubar nossos empregos" nunca falha em sociedades que vão mal economicamente, até porque os indivíduos não conseguem notar que crescimento econômico pode estar relacionado com crescimento populacional. E mesmo que essa máxima não seja verdadeira, com certeza a diminuição da população e seu processo de envelhecimento não deve ajudar o país a crescer devido a seus custos com a previdência. Essa relação eu traço devido a leitura do livro Austeridade do Mark Blyth, que ainda não terminei.

bels 16/12/2023

"A intolerância mais perigosa é exatamente aquela que surge na ausência de qualquer doutrina, acionada por pulsões elementares, por isso não pode ser criticada ou freada com argumentos racionais."

CrisVieira~ 07/09/2023

Uma pequena obra com uma gigantesca e poderosa sabedoria...
Eco não apenas escrevia bem, mas seu olhar sobre as relações humanas também era absolutamente correto e certeiro. A argumentação que compõe as palestras expostas no livro possuem a percepção objetiva e lógica sobre como enfrentar a Intolerância selvagem, que vai muito além de ideologias e doutrinas vazias de razão.
"Eliminar o racismo não significa demonstrar e se convencer de que os outros nao são diferentes de nós, mas compreendê-los e aceitá-los em sua diversidade.", declarou Eco. "Para citar a antiga sabedoria chinesa expressa por Zhao Tingyang, por mais que queiramos verdadeiramente chegar à harmonia entre os povos, a harmonia não significa uniformidade: “Toda coisa perecerá caso se torne exatamente igual às outras [...] A harmonia faz as coisas prosperarem, ao passo que a uniformidade as faz perecer.” "

Eis um conselho que serve para cada ser humano e que deveríamos usar como guia para nossas próximas ações se realmente quisermos que a Humanidade dê aquele necessário próximo passo para nossa Evolução.

Luísa Lui 03/09/2022

Escritos e intervenções sobre a diferença humana
Li em pouco mais de duas horas. Dividido em quatro textos, aborda as diferenças entre migração e imigração, as intolerâncias construídas e selvagem, os tratados de paz e a chamada por Eco de ?Transcultura? - um fenômeno baseado na antropologia recíproca.
Ademais, excelente edição. Livro bonito, com folhas firmes e design confortável ao leitor.

Suzana Mendonça 03/07/2022

Análises sobre Migrações
O livro analisa de forma concisa por meio de ensaios os aspectos relativos às migrações, bem como as formas de intolerância geradas a partir do processo migratório. Um livro curto que traz uma visão geral sobre o tema

Rafaela.Cruz 06/04/2022

Interessante.
Tinha uma expectativa enorme nesses ensaios, pois já tinha lido Facismo eterno e amei. Acredito que essa alta expectativa não foi suprida, apesar de serem textos necessários, com discussões importantíssimas.

Sol Belchior 31/12/2021

Recomendo!
"A compreensão mútua entre culturas diversas não significa avaliar o que o outro deve renunciar para se tornar igual, mas compreender mutuamente o que nos separa e aceitar essa diversidade."

Eco ecoa um pensamento extraordinario sobre esse cenário de intolerância que vivemos em diversos temas na sociedade. Leitura fundamental que provoca reflexões efetivas em nós.

N.Barbosa 28/12/2021

Um olhar sobre o outro
Fala sobre o processo selvagem e civilizatório da aceitação da diversidade, o que engloba temas como o racismo. Em um contexto europeu (hoje aplicável ao mundo), Umberto Eco começa a falar sobre o processo migratório do Sul para o Norte, ou de países subdesenvolvidos para países desenvolvidos. Ele afirmava em 1997 o aprofundamento da diversidade para um continente europeu multirracial: “Se lhes agrada, assim será; se não, assim será da mesma forma”.

Daí o pensador italiano toca em um ponto estratégico para iniciarmos o debate sobre o racismo, a xenofobia e até mesmo a a homofobia. Estamos falando das origens instintivas da intolerância: “A intolerância mais perigosa é exatamente aquela que surge na ausência de qualquer doutrina, acionada por pulsões elementares. Por isso não pode ser criticada ou freada com argumentos racionais”.

Assim, Eco é categórico ao abordar a necessidade de trabalhar ações de tolerância na mais tenra infância. Ele escreve: “os intelectuais não podem lutar contra a intolerância selvagem, porque diante da animalidade pura, sem pensamento, o pensamento fica desarmado. E é sempre tarde demais quando resolvem lutar contra a intolerância doutrinária, pois quando à intolerância se faz doutrina é muito tarde para vencê-la, e aqueles que deveriam fazê-lo tornam-se suas primeiras vítimas”.

Isso é um paralelo com a política brasileira. Não há argumento racional para debater com o bolsonarismo. É lamentável, mas é um caminho que devemos começar a construir. Não para debater. Para superar, para inibir o surgimento de doutrinas nocivas como essa.

Paula 10/11/2021

Uma realidade mundial
Ao longo da história mundial podemos encontrar vários exemplos de intolerância em relação a povos diferentes.
É de extrema importância que esses pontos tenham sido abordados de forma simples e que nos levam a vários questionamentos.

Bianca 16/10/2021

resenha @oslivros.dela
"Migração e intolerância", do Umberto Eco, foi o último audiobook que eu concluí. Como sou péssima lendo não-ficção, estou deixando os audiobooks para eles.

O livro aborda temas como migração, intolerância e racismo. São temas atuais e, infelizmente, ainda urgentes, mesmo décadas depois de terem sido escritos.

Não me apresentou nada do que eu já não soubesse antes, mas, no atual cenário do nosso país, acredito que todo mundo deveria ler. Ou escutar, ou o que seja.

Me chamou atenção que, em um dos ensaios, Umberto diz que a sociedade europeia, depois do holocausto, consegue prever atitudes que denunciam possíveis ações totalitárias e intolerantes e pode preveni-las.

...

A Europa, segundo ele, sabe. E o Brasil? Eis o questionamento.

site: https://www.instagram.com/oslivros.dela/

Lilica Britto 03/06/2021

Migração e intolerância
A leitura me chamou atenção para a questão da transculturalidade e não nos vermos como uma construção étnica e cultural melhor do que outras mas como diversidade. E a diferença não é boa ou ruim é apenas diferente tanto aos que observam quanto aos observados que também possuem sua forma de avaliar. Bem. Estou falando de quem migra e de quem recebe os imigrantes. Isso tem se tornado de uma intensidade na Europa que a mistura de culturas já se consolida como um aprendizado mútuo e valores e costumes de forma que não se sabe quem é diferente. O autor mostra que a intolerância é algo desde a terna infância que precisa ser controlado. De fato temos que lutar contra a intolerância cultural uma vez que fazemos parte dela. O berço europeu está vivenciando isso.

Julia_ 08/05/2021

Ótimo início pra estudar a temática!
Umberto Eco dispensa apresentações, então podemos pular essa parte. Quanto ao livro, são textos breves e aqui unidos. Uma ótima indicação pra quem começar a realizar leituras sobre o assunto, é introdutório sem ser tão básico. Uma leitura que super vale a pena.

none 24/04/2021

Lições básicas de convivência
A arte da capa não tem muita razão de ser ou a editora quis fazer uma alusão canalha comparando migração com pandemia? Sim, porque a Record edita livros do canalha olavo de carvalho (em minúsculas para o rei dos ratos de esgoto, os mínions). Espero que seja algo como uma ironia, eu não entendi bem o significado. Quanto aos textos, eles realmente são essenciais, ainda que para uma realidade datada (Eco escreveu antes da Pandemia, antes de vários eventos internacionais relevantes como a ascensão do reacionarismo, prisões de crianças na fronteira mexicana, recrudescimento da violência contra negros, e a pandemia do COVID-19 que alterou a configuração da migração no mundo - em algum momento ele condena o politicamente correto, soa datado porque políticos conservadores-liberais - na verdade reacionários e fascistas - se elegeram criticando isso e são politicamente incorretos em tudo!).
Entender o diferente sem classificá-lo sob a ótica sociológica padrão, ou seja, pelo próprio estrangeiro e sua cultura, é disso que trata um dos textos deste livro. Só por isso merece (palavra horrível), exige a nossa leitura e reflexão.
Novamente a editora poderia em uma reedição, inserir notas explicativas, Eco é um computador ambulante em seus textos e usa constantemente palavras estrangeiras e técnicas que necessitam de explicação e contexto.

Insta: @neilson_jr 16/04/2021

Pouco aplicável no Brasil. Discordo também de vários trechos arraigados de opinião pessoal. Dizer que o racismo só é praticado por pobres (os ricos apenas o criaram) é no mínimo ?ingênuo? quiçá intencional. Enfim, pouco aplicável no Brasil.

rschl 11/04/2021

#desafioskoob2021
Este livro é uma obra introdutória para entender a respeito da migração e intolerância. Apesar de citar fatos históricos para exemplificar seu argumento, é necessário lembrar o recorte que Umberto Eco vivencia: a abordagem teorica da migração em contexto europeu. Ele traz explicações a respeito do racismo, do fundamentalismo e da intolerância e quais seus perigos no mundo contemporâneo, no desenvolvimento do assimilacionismo e da renúncia cultural do oprimido.