Che 22/11/2023
A HQ brasileira escrita por Daniel Galera é, a meu ver, porcamente ilustrada por um traço garranchudo e genérico de Rafael Coutinho. O traço do cara nem facilita, pelo menos no começo, distinguir quem é quem e a transição de uma narrativa pra outra (são várias sem se cruzar), a ponto que até a gente se acostumar vai tempo e cada solavanco de guinada de um personagem pra outro impede que a gente se identifique mais com cada.
O que é uma pena, porque o roteiro é melhor que o desenho. Nessa de brincar de SHORT CUTS, Galera acaba numa mosaico de personagens cujo meu interesse é heretogêneo, variando desde o bom enredo do cara que pratica bondage (do BDSM) até bobagens como o playboy vazio (com o perdão do pleonasmo) expulso de casa pelo tio.
No geral, deu um gostinho de muito drama de topo da Pirâmide de Maslow, embora algumas das discussões sobre a necessidade de encontrar barreiras - e ultrapassar, ou se ater a esses limites - são boas. Principalmente, repito, na trama do sujeito do BDSM, de muito longe a melhor.
Saldo final razoável e muito prejudicado pelo traço. Esse é um daqueles casos que uma mudança mais nítida de desenho de uma trama pra outra ajudaria não só a fluir a narrativa, mas a não perder o fio da meada.