aquelacapitu 31/12/2023
? Nada dura para sempre?
"A Deusa em Chamas" foi uma montanha-russa de emoções, começando com Rin lutando contra as consequências da sua fuga e mutilação. Na primeira metade, a intensidade era palpável, capturando o desespero da guerra em Nikan. Mas aí veio a segunda metade, e me senti em um labirinto sem saída.
A trama se perdeu totalmente, como se a autora tivesse esquecido para onde estava indo. Houve um excesso de reviravoltas, conflitos internos se repetindo sem propósito aparente, e os personagens pareciam dar voltas sem sair do lugar. Foi frustrante, especialmente porque a Rin, que prometia ser uma líder decidida, se perdeu em conflitos que já tinham sido explorados nos livros anteriores.
Aquelas mais de 600 páginas pareciam um eterno lenga-lenga, e Rin, que eu tinha admirado tanto, se transformou em uma personagem irritante. A confusão dela, que inicialmente fazia sentido por ser a primeira vez liderando, acabou se arrastando demais. E eu só queria que ela tomasse as rédeas da situação de uma vez por todas.
Além disso, a autora introduziu plots que pareciam não levar a lugar nenhum. Criaturas ultra-poderosas foram apresentadas apenas para serem derrotadas por uma ou duas explosões, e os xamãs, que prometiam grandes acontecimentos, foram subutilizados. O plot da vingança da Rin também não convenceu, parecia que ela oscilava entre ser uma deusa furiosa e uma criança indecisa.
Mas nem tudo foi desastre. A primeira metade do livro foi incrível, construindo bem o terror da guerra prolongada e explorando de maneira impactante a colonização Hesperiana. Os três poderes que governam Nikan também foram fascinantes, revelando a complexidade do excesso de poder, ao passo que o seu fim me pareceu tão repentino e desnecessário.
Quanto aos personagens, Kitay emergiu como um verdadeiro herói para mim. Em meio à confusão da trama, ele se destacou como um farol de racionalidade e compaixão. Sem exagero, ele foi o motivo crucial que me impediu de desistir. Enquanto desconfiava de todos, até mesmo da própria Rin, Kitay permaneceu como um porto seguro. Sua consistência e integridade foram como âncoras em um enredo que parecia à deriva. Kitay foi meu refúgio, e sua presença imaculada salvou minha sanidade ao oferecer uma estabilidade tão necessária. No entanto, personagens como Nezha e Venka mereciam mais destaque, e ficou evidente que a limitação ao ponto de vista da Rin impediu o desenvolvimento pleno dessas figuras.
Em resumo, a história teve seus momentos magníficos, mas também decepcionou profundamente. Eu senti que o final colou todas as partes quebradas de uma história que tinha tudo para dar errado, Rin se sacrificou como deveria ser, Kitay não decepcionou em ser leal à quem ele escolheu seguir e Nezha de alguma forma, conseguiu consertar o mundo da maneira que era absolutamente necessária.
O desfecho, embora marcado por decepções ao longo do caminho, conseguiu proporcionar uma sensação de completude, resgatando a trama de maneira significativa. Essa conclusão não apenas influenciou positivamente minha avaliação, mas também foi crucial ao considerar não apenas "A Deusa em Chamas" isoladamente como o terceiro livro, mas sim como o epílogo impactante e conclusivo de toda a saga.