Regiane 30/11/2010
Que parte da sua vida você gostaria de apagar?
Esse livro tem como protagonista Doran Visich, um polonês judeu que até então, levava uma vida tranqüila - apesar de simples – acompanhado de dias felizes e de brincadeiras em seu vilarejo, ao lado de sua família. Mas como sabemos, a vida nem sempre é justa, ela prega peças. Infelizmente, Doran foi alvo de uma dessas peças. Um acontecimento inesperado e triste o marcou e o marcaria por muito tempo, acrescentado de remorso e pesadelos.
Apesar da culpa que carregava, Doran tentava seguir em frente, estudando, ajudando seus pais e cuidando de sua querida irmã Constantine, mas realmente parecia que as coisas não estavam a seu favor. Se já não bastasse as lembranças daquele ocorrido que assombravam a sua mente, os dias de sossego naquele lugar agradável, a sua terra natal - a Polônia - estavam contados, devido à terrível guerra que estava por vir.
Doran foi separado dos seus familiares e amigos, teve que enfrentar as torturas e atrocidades no campo de concentração. Foi humilhado, passou fome e sede, e ainda teve que testemunhar várias mortes injustas e cruéis. Felizmente ou não – já quase no final da guerra - ele conseguiu milagrosamente escapar dos campos nazistas.
O holocausto é apenas o pano de fundo dessa comovente história. Doran jamais esqueceria de tudo que passou nas mãos daqueles assassinos nazistas, mas outras tristezas e desgraças chegariam até ele. Ao se refugiar na Áustria imaginou que finalmente a vida lhe traria algo bom, mas infelizmente aquele ainda não era o momento. Por ser o único homem capaz de decifrar um código químico para a criação de uma nova droga capaz de revolucionar o mundo científico, ele sofre uma terrível perseguição, tendo como única opção, fugir para os Estados Unidos.
Já no novo país, os tormentos e aflições fazem Doran ansiar em reencontrar o seu passado. E quando a vida parecia finalmente querer recompensá-lo, uma nova situação terrível acontece. Cansado e desesperado, ele enxerga apenas uma alternativa, uma decisão arriscada. Seria válido tamanho sacrifício? Conseguiria finalmente encontrar as respostas do seu passado? Conseguiria se perdoar da culpa carregada por anos?
Eu nem sei mais o que dizer. Terminei o livro quarta-feira e confesso que foi impossível conter as lágrimas. Ainda estou muito emocionada. Apesar de tratar de personagens fictícios, existe a realidade por trás de tudo isso. E como o autor disse na sua nota final, as guerras continuam, as mortes, as atrocidades causadas pelo homem. E de uma forma ou de outra, tentamos sempre esquecê-las.
O desencontro de pessoas queridas em conseqüência da guerra. O amor pela família, as lutas, os sofrimentos... Nossa! Como isso me tocou! Na verdade, sempre me toca. Li alguns livros esse ano que retratassem o holocausto, mas confesso que nenhum me emocionou como o “Arquiteto do Esquecimento” – mesmo este, tendo o assunto apenas como pano de fundo. Sem contar a narrativa impecável do autor, rica em detalhes, que leva o leitor a imaginar cada cena, cada situação, com muita precisão, mesmo nunca estando em nenhum dos locais citados.
Marcos eu tentei de todas as formas me expressar o melhor possível para que as pessoas dêem chance a elas mesmas para apreciar sua maravilhosa obra. E como eu disse pelo e-mail, se dependesse de mim, você seria reconhecido mundialmente, pois além da história incrível que você criou, percebe-se de longe o tempo que você se dedicou em pesquisas, na escrita, revisão, no material do livro, etc. Resumindo um livro feito com muita paixão.
Escrever histórias, livros, muitos podem fazer isso, mas emocionar e fazer os leitores vivenciarem cada cena, e cada um dos seus personagens a ponto de mexer com os sentimentos, isso é uma façanha para poucos. E você pode se incluir nessa segunda opção.
Finalizando eu quero dizer que jamais esquecerei a história de Constantine e Doran Visich. E também não posso deixar de falar que esse foi um dos melhores livros que eu já li na minha vida. Recomendo!!!