Dayane 21/09/2011
A Filha Pródiga (Maggie Malone, uma heroína a ser imitada)
Este é um romance cujo foco central não é no mocinho, ele é um coadjuvante, o protagonista é o pai. Afinal o título mesmo já dá esta dica.
O fato do romance de Maggie e Dan não ser o tema central da história não o deixa menos interessante, pois vemos o nascer e desabrochar de um relacionamento verdadeiro, afetuoso e bonito. Aliás, esta história de amor é um bálsamo na vida da protagonista, que em suma é muito dolorida, pois nada pode ser mais não natural ou triste que a rejeição clara de um pai por uma filha.
Eu li várias críticas ao comportamento áspero de Jacob Malone para com sua filha, o colocando em uma posição de vilão. Sinceramente minha visão não conseguiu enxergar o relacionamento quebrado dos dois sob este prisma, afinal existia ali motivos muito fortes, muito íntimos e embora não justificáveis, muito verdadeiros para Jacob ter esse comportamento. Eu vi uma menina carente, desde muito nova vendo no pai um ídolo, um herói e sendo dolorosamente rechaçada a cada aproximação. Eu vi uma adolescente cansada de tentar conquistar o amor do pai, caminhar na direção oposta sendo rebelde e questionadora. Eu vi uma garota que amava a irmã com tanta força que se colocou em uma situação que a marcou para sempre.
Maggie é sem dúvida uma mulher admirável, pois quando tudo deu errado em sua vida, seus sonhos se desfacelaram, ela perdeu a amizade da irmã, foi expulsa de casa, sabe o que ela fez? Ela começou do zero e voou alto, fez uma carreira, cuidou da família anonimamente e á distância. Acima de tudo ela não permitiu que a dor a definisse de uma maneira amarga, ela aprendeu a lidar com seus sentimentos contraditórios, tornando-se uma pessoa com uma imagem brejeira e descontraída mas na verdade com uma personalidade reservada e uma vida pessoal privada, embora tenha se tornado uma celebridade.
Quando ela precisa voltar para casa, para ver seu pai que está morrendo, ela passa a reviver toda a sua dor. A alma de Maggie nos é desnudada e aprendemos a gostar dela de tal maneira, que é difícil não envolver-se com a história.
O pai, Jacob, mesmo a beira da morte não abaixa a guarda, parece sempre contar que Maggie faça o pior, desconfia de suas atitudes e não esconde sua hostilidade. O grande paradoxo é que Jacob não é um homem mau, você vê claramente a devoção dele pela esposa, frágil e delicada, pelas filhas mais novas que ele trata como princesas, na admiração que ele reserva ao seu braço direito na empresa, Dan, o par romântico de Maggie, na maneira justa e apaixona com que ele trata sua empresa e seus empregados.
Daí começamos a nos questionar, qual a origem desta ruptura? Eu sentia uma necessidade louca de entender, para justificar Jacob e confortar Maggie.
Este livro trouxe muitas lições: amor é uma palavra que nem sempre precisa estar condicionada à uma verdade científica timbrada em um papel, às vezes o ato de não abrir um envelope pode ser a maior das provas de amor e finalmente que sempre há tempo de pedir perdão, mesmo que seja com vinte e sete anos de atraso, mesmo que tenha sido quase tarde demais, quase....