spoiler visualizarhnnckrleo 04/05/2024
O coração entendeu, mas a mente questionou
A história desenvolvida pelo ponto de vista de uma criança alemã durante a guerra é interessante, porém vale lembrar que pessoas da idade do protagonista sabiam o que estava acontecendo, eram encorajadas a rivalizar e ridicularizar os alvos dos nazistas e, mesmo não compreendendo de fato o porquê deviam fazer isso, faziam. A inocência é exagerada, vista que vinda do filho do alto comandante de Auschwitz, caso que com toda certeza seria diferente, como pelo menos saber que o país está em guerra e avançando sobre os outros, ou que claramente aqueles do pijama listrado são desumanizados cruelmente pelos nazi.
Vi também em outra review algo que me foi incômodo, que é o quão conveniente são as situações. Bruno, uma das crianças mais importantes da região, fica horas fora de casa e anda na beira das estradas com certeza lotadas de nazistas, mas está tudo bem. Shmuel também fica horas longe do seu grupo, sentado em frente a fina grade do campo que obviamente seria supervisionada o tempo inteiro, conversando com uma criança externa e conseguindo romper a frágil barreira do maior centro de eliminação humana da história.
Por fim, li e reli, mas não consegui deixar de pensar no quão esse livro é escrito do ponto de vista fascista mais do que o necessário para causar impacto, tentando causar na verdade compaixão. A tristeza final do livro não gira em torno daqueles que sofreram o tempo todo, e sim porque um dos poucos inocentes do lado nazista acaba morrendo do mesmo modo que o povo humilhado. E pelo menos isso mudou algo na visão dos "de raça superior"? Não, a eliminação desenfreada do povo judeu seguiu normalmente e sobre isso não é colocado peso emocional algum.
É um livro a ser lido com cuidado, entregue seu coração e sinta, mas mantenha-se consciente.