Cássia 23/10/2014
Fraco
Quando você pega um livro desses que, como o próprio subtítulo diz, se pretende a contar a história do disc-jóquei no Brasil, você espera certo cuidado tanto em relação à pesquisa como no tratamento e interpretação do material pesquisado.
Porém, Todo DJ já sambou é constituído em grande parte apenas por entrevistas. Parece que a autora não seu ao trabalho de procurar uma bibliografia para enriquecer o seu relato. Também não traça paralelo algum com a história da música eletrônica na Europa que é onde este estilo musical e suas variantes tem grande força. Talvez mais até que nos EUA porque o que é citado enfaticamente é a cena novaiorquina. Apenas. Não mostra a força que a música eletrônica ganhou em países africanos e se isto influencia ou não a cena brasileira.
Simplesmente não reserva um capítulo sequer para falar sobre a cena eletrônica dark no Brasil. E, sim, ela é importante e forte. Aghast View foi um projeto eletrônico de início dos anos 1990 que reverberou pela Europa (pra usar um argumento que ela repete ad nauseum, de forma constrangedora mesmo, em seu texto: o quanto os gringos gostam da música eletrônica brasileira). Ela sequer cita este projeto.
Faltou falar por que DJ Marky, DJ Patife e outros são tão bons. Ao invés de apenas usar o argumento de "Oh, os ingleses adoraram eles".
Mas o mais grave mesmo é se propor a relatar a história do disc-jóquei no Brasil sendo que o livro se restringe à cenas de São Paulo e Rio de Janeiro. Um capítulo do livro é reservado para falar de, hum, do que acontecia em todos os outros estados.
Em suma, é um livro-reportagem que a autora publicou. Não tiro o mérito do trabalho. Como reportagem talvez até funcione bem, embora mesmo uma reportagem precise ter um nível mínimo de interpretação, de posicionamento. O argumento da objetividade jornalística não vale. Reportagem sem criticidade é um texto morto, desinteressante de se ler.
No mais, curti as fotos. Muito boas mesmo. É isso.