trajetórias e transgressões

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PDF - A literatura contemporânea de autoria feminina

A literatura produzida por mulheres tem recebido, nas últimas décadas, maior atenção e reconhecimento em nível global. Configura-se, contudo, ainda como um caminho de resistência, que repercute um histórico de apagamento e de violências enraizadas, bem como de questões políticas, sociais, de gênero e étnico-raciais, pelas quais vêm à tona sujeitos femininos frente ao patriarcalismo e a processos colonizatórios. Helena Parente Cunha já havia mencionado (1999) que, juntamente à independência feminina, vem o enfrentamento ao cânone patriarcal, o rompimento de hierarquias e, consequentemente, ataques ainda mais intensos em resposta à busca da liberdade e à luta contra a dominação. Assim, o desvelar da produção literária recente representa um passo importante, no século XXI, de valorização da produção literária de autoria feminina, cujas vozes fazem-se também lócus de resistência e desobediência a heranças socioculturais. a presente publicação busca promover, entre outros aspectos, a discussão sobre a produção recente de escritoras dentro e para além das fronteiras do Brasil; a compreensão do papel e do "deslugar" ocupado por mulheres no sistema literário atual; a relação entre memória, história e ficção de autoria feminina; a literatura como espaço decolonial de inserção e transformação de subjetividades esquecidas e subalternizadas, com destaque para escritoras que abordam os vários constituintes identitários e a diversidade das experiências das mulheres; as performações sociopolíticas empreendidas por escritoras contemporâneas; a representação de mulheres migrantes e os deslocamentos transnacionais pela literatura, sejam individuais ou coletivos. A produção de autoria feminina deste século, em prosa e poesia, seus movimentos de (de/re)territorialização e transgressão, bem como seus discursos e lugares de fala (Ribeiro, 2020), são aqui perseguidos, na tentativa por elucidar aspectos do fazer literário que perduram e transgridem em relação à tradição, em seus múltiplos processos de escritura e resistência.

Com textos de: Paloma Vidal, Izabel Brandão, Eurídice Figueiredo, Leila Lehnen, Cimara Valim de Melo, Isadora Saraiva Vianna de Resende Urbano, Mônica Gama, Maria Nazareth Soares Fonseca, Sheila Katiane Staudt, Luciana Paiva Coronel, Luisa Geisler.