De Platão a Heidegger, a filosofia interessou-se menos pelas obras em si do que pela questão de saber se a arte pode dizer a verdade. Duas razões retardaram assim uma verdadeira ontologia das obras: de um lado, a condenação platônica da arte - que deu primazia ao conteúdo inteligível sobre a forma sensível -, do outro, o nascimento da estética - que deu ênfase ao estado afetivo do espectador ou do artista. Foi com Heidegger e Merleau-Ponty que uma filosofia da arte se tornou realmente possível. Mas, se esta nos permite hoje receber melhor a obra, poderá igualmente dar-se conta de seu "fascinante enigma"?