Na América, dizem os Europeus, não há cachorros nem gatos. Bois sim, mas monstruosos e ferozes. Os porcos do México têm o umbigo nas costas. Os leões são pequenos, sem jubas e covardes. Os pássaros não cantam, as flores não têm beleza nem perfume.
Como os leões, os homens não têm barba, são fracos e não sentem ardor por suas fêmeas. Como os pássaros, as mulheres são estridentes e, como as plantas, fenecem cedo.
A esses argumentos contrapõem-se os defensores do Novo Mundo: há gigantes na Patagônia; o mocking-bird é mais melodioso que um bando de rouxinóis; qualquer elefante é rídículo frente ao mamute americano; os selvagens são bondosos.
É esse coro de vozes discordantes que Antonello Gerbi ordena com maestria e humor, revelando as principais linhas polêmicas sobre o Novo Mundo. Um debate que desvenda a concepção européia sobre o novo continente e a construção da identidade de seus habitantes.