"Em duas fontes principais, que explicam a sua força, se alimenta essa literatura - o povo e a terra. O sentido do social é o traço dominante. Melhorar as condições de vida e o destino do homem, apontar-lhe os caminhos da salvação, de dignidade civil e de libertação cultural. Em todos os autores está sempre presente o desejo de justiça e de fraternidade, o dom de simpatia humana, surgidos da própria vida miserável e do sofrimento surdo do povo. A literatura russa tem esse caráter universal que a aproxima das outras. Rica de seiva humana, ela transbordou os seus limites nacionais e se dirigiu ao mundo. A passagem do sonho para a realidade, do pensamento para a natureza, se opera de maneira tão imperceptível que mal se sente o esforço técnico vencido pelo escritor. Não é só a pintura dos costumes e uma estranha galeria de tipos que essa literatura nos traz; é também a sensação lírica da vida, a que se juntam o grotesco, o triste e o trágico, a fisionomia das coisas, o drama das criaturas. Como disse Rubem Braga, percorrer estas linhas matará nossa fome de beleza."