Isabel - A Princesa Redentora

Dom Pedro de Orléans e Bragança



Tenho por Lourenço Lacombe uma velha amizade que o passar dos anos só tem feito aumentar. Além do afeto pessoal, é uma pessoa extremamente elegante, plena de fidalguia. Admiro seus conhecimentos históricos que transmite com maestria e de forma agradável.

O museu imperial muito lhe deve. Sua admiração tem sido de uma eficiência reconhecida por todos que visitam aquela casa. Casa que me é muito cara por conservar com carinho o nosso passado imperial.

Fiquei satisfeito quando soube de sua intenção de escrever sobre minha Avó, a Princesa Isabel. Coloquei à sua disposição o meu arquivo particular, o Arquivo do Grão Pará.

Como chefe de família Imperial, herdei do meu Pai, o Principe do Grão Pará, que por sua vez herdara de seus Pais, a Princesa Isabel e o Conde d'Eu, todo o arquivo da Família Imperial. A maior parte desse acervo doei ao Museu Imperial, guardando no Grão Pará a correspondência trocada entre os membros da Família Imperial e os seus parentes. Era costume dos Braganças e dos Orléans não jogar uma carta fora, portanto são milhares de documentos que Lourenço Lacombe teve a ocasião de consultar e que soube aproveitar minuciosamente no seu livro. O leitor aí pode se inteirar do quotidiano da Família Imperial.

Ao ler seu trabalho, de forma emocionada, vieram à minha memória cenas e conversas da minha meninice quando assistia às reuniões de meus Avós com meus Pais, no Castelo d'Eu e na casa de Boulogne sur Seine. Três coisas nunca esqueci de minha Avó, a Princesa Isabel: seus lindos olhos azuis, sua cutis de menina e seus cabelos finos.

A Lourenço Lacombe ficamos, eu e toda a descencência da Redentora, gratos por, no ano do Centenário da Abolição da escravidão, mostra a todos, o verdadeiro retrato de uma Princesa corajosa, boa esposa, boa mãe, exemplo de uma vida cristã, dessa que foi a primeira mulher a governar nosso querido Brasil.

Petrópolis, 7 de junho de 1988.