Introdução ao desenvolvimento de softwares para analistas do comportamento

Introdução ao desenvolvimento de softwares para analistas do comportamento Hernando Borges Neves Filho...


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Introdução ao desenvolvimento de softwares para analistas do comportamento





Ao longo da sua formação acadêmica, qualquer estudante de psicologia chega a conhecer o computador como uma ferramenta útil na criação de documentos, tabelas, figuras, ou slides para uma apresentação. Além de planilhas de cálculo, o uso de uma linguagem de programação é muito menos comum aos alunos, especialmente aos alunos de graduação. Obviamente, a importância de aprender tais linguagens depende do futuro campo de especialização do psicólogo e de seus focos de interesse. Hoje as principais aplicações da programação encontram-se no campo da pesquisa básica, mas profissionais também podem precisar de uma maior familiaridade com conceitos de computação, dado o uso cada vez mais frequente de aplicativos mobile especializados no seguimento de tratamentos clínicos ou de tarefas em casa. No contexto mesmo da pesquisa ou de serviços profissionais, programas de computador são utilizados em pelo menos três momentos. Em primeiro lugar, estes programas servem para aplicar um procedimento experimental, algum tipo de treinamento ou um teste clínico. Na Análise do Comportamento, por exemplo, tentativas de matching to sample apresentadas na tela do computador (e portanto produzidas com uma linguagem de programação) são frequentemente usadas para ensinar discriminações entre estímulos. Em segundo lugar, programas de computador auxiliam na coleta de dados - por exemplo, qual palavra o sujeito escolheu em cada tentativa de matching to sample e com que latência. Finalmente, uma vez que os resultados foram obtidos, podem ser analisados com programas escritos numa linguagem como R, Matlab ou Python. Em cada caso, e cada vez que seja possível, o uso de uma linguagem de programação permite evitar erros humanos na aplicação dos procedimentos ou na coleta e análise de dados. Obviamente, o psicólogo que precisa de programas de computador no contexto de sua pesquisa ou de serviços ao cliente pode pedir a ajuda de um programador profissional. Esta solução não requer conhecimentos de computação, mas vai enfrentar vários problemas, além de seu custo. Ainda que tenha uma guia escrita com detalhes sobre os requisitos da tarefa, o programador pode ter dificuldades em entender os objetivos do psicólogo, o que atrasa a escrita do programa. Uma vez o programa escrito e o aplicativo funcionando corretamente, o programador não antecipa necessariamente possibilidades futuras de extensão. Finalmente, o programador disponível num dado momento costuma mudar de ocupação, interesses, e acessibilidade. Nesse caso, será particularmente difícil modificar o programa após sua escrita inicial, seja para corrigir erros de funcionamento que foram descobertas posteriormente, ou para ampliar o leque das opções oferecidas pelo programa. Portanto, em muitos casos, escrever seus próprios programas é uma excelente alternativa a pedir a ajuda de um programador profissional. Obviamente, esta opção depende da complexidade do programa - acima de algum limiar de complexidade, saímos do campo de competência do psicólogo ou do analista do comportamento. Contudo, dentro de limites razoáveis, o psicólogo que sabe programar tem à sua disposição uma ferramenta poderosa e extremamente útil. A pior barreira que enfrenta o estudante interessado em programar é a dificuldade inicial de aprendizagem de uma linguagem computacional. Este livro foi escrito pensando nesta dificuldade. Seu objetivo principal é pedagógico, ou seja, guiar o estudante nos seus primeiros passos como programador(a), clarificando conceitos básicos de computação, dando exemplos de linguagens de programação e mostrando concretamente como podem ser aplicados à pesquisa, ao desenvolvimento de serviços ao cliente e à análise de dados. A parte inicial do livro agrupa três capítulos. O primeiro, por Hernando Borges Neves Filho, Luiz Alexandre Barbosa de Freitas e Nicolau Chaud de Castro Quinta, serve de introdução geral, situando o uso de computadores no seu contexto histórico e científico. O segundo capítulo, por Nicolau Chaud de Castro Quinta, inicia o leitor à programação com um exercício simples e segue com dicas concretas para aprender a programar, seja com este livro ou com outros recursos. No terceiro capítulo, Luiz Alexandre Barbosa de Freitas ressalta conceitos genéricos (variáveis, decisão, iteração, etc.) que são compartilhados pela maioria das linguagens usadas atualmente. É a presença de tais conceitos que explica porque a aprendizagem de uma segunda linguagem de programação costuma ser mais fácil do que a primeira. A segunda parte do livro foca em exemplos concretos de linguagens de programação usados na pesquisa com humanos ou animais. O Capítulo 4, por Carlos Rafael Fernandes Picanço, trata do ambiente de programação Lazarus (baseado na linguagem Pascal). A principal vantagem deste ambiente é criar facilmente aplicativos gráficos com imagens, botões, e campos de respostas a ser preenchidos. Além disso, programas compilados com Lazarus em diferentes plataformas funcionam nos sistemas operacionais Windows, GNU/Linux e Mac OS X. No Capítulo 5, Carlos Eduardo Costa introduz o leitor ao uso do Visual Basic.NET, uma plataforma semelhante ao Lazarus nas suas características principais, mas focada especificamente no sistema Windows. Este capítulo permite entender a facilidade com a qual aplicações podem ser desenvolvidas com este tipo de ferramenta. O Capítulo 6, por Ricardo Fernandes Campos Junior e Julia Zanetti Rocca, muda de tema abordando o uso da linguagem R na análise de dados. Os autores guiam o leitor na aplicação do R a um conjunto de dados simulados, das análises mais simples à gráficas e testes estatísticos mais complexos. No Capítulo 7, Italo Siqueira de Castro Teixeira, Amanda Calmon-Rodegheri, Lucas Franco Carmona e Rafael Peres Macedo discutem a linguagem procedural MED PC, criada para controlar eventos experimentais em caixas de condicionamento operante e recolher as respostas emitidas pelo animal. Nem todos os estudantes terão a oportunidade de usar esta linguagem (que supõe o acesso a um laboratório animal equipado por Med Associates Inc.), mas o que têm, encontrarão neste capítulo uma guia útil para programar seus primeiros esquemas de reforçamento. No último capítulo desta seção, Gerôncio Oliveira da Silva Filho, Pedro Gabriel Fonteles Furtado, Felipe Lustosa Leite e Hernando Borges Neves Filho explicam o funcionamento da ferramenta Unity, que foca na criação de jogos em dispositivos mobile (entre outras plataformas). Os autores ilustram o uso da Unity com um projeto simples e que permite entender como os componentes básicos desta ferramenta interagem. O livro conclui com um capítulo no qual Raphael Moura Cardoso, Hernando Borges Neves Filho e Luiz Alexandre Barbosa de Freitas esboçam sua visão do futuro da programação no ensino de graduação em psicologia. Ainda não sei se a visão (ou manifesto) dos autores terá o sucesso que esperam, mas já estou seguro de uma coisa: o livro que vocês vão ler é uma excelente porta de entrada ao mundo da programação. Aproveitem!

Informática e Tecnologia / Psicologia

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thecferreira
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