Índia submersa fala da Índia como poucos livros até hoje foram capazes de fazê-lo. Seu autor, João Vicente Ganzarolli de Oliveira, desenvolve uma narrativa fascinante, em que o relato e as reflexões pessoais misturam-se com a realidade histórica e a herança cultural de um dos povos mais velhos da Terra. Parte substancial do livro refere-se à guerra civil no Cachemir, assunto pouquíssimo conhecido entre nós. Interessante também é a estrutura do livro, que bem poderia ser transformado em filme: é como se o autor conversasse conosco, tornando-nos participantes dos episódios que ele narrou em Istambul, pois foi lá que a Índia submersa começou a ser escrita. Distanciando-se da prosa superficial e dos lugares-comuns, Índia submersa refere-se a uma “outra Índia feita de coisas pequenas e insignificantes para os sentidos desatentos”. É a Índia “que se esconde atrás das vozes roucas dos homens que gritam nas feiras quase sempre repletas das cidades e dos vilarejos; atrás dos gestos das mulheres que se banham seminuas no Ganges; atrás dos olhares das crianças que contemplam as plantações às vésperas da colheita”.