Imigração e Colonização em Minas 1889-1930 (Reconquista do Brasil #188)

"Quando tivemos de pensar em tema de tese, o estudo da imigração em Minas logo se impôs. A preocupação em conhecer melhor a realidade de Minas e o fato de que o assunto não fora ainda objeto de investigação foram as principais razões que nos levaram a abordá-lo.

Se a bibliografia da história de Minas é de extrema pobreza, esta se manifesta, principalmente, quanto ao problema da mão-de-obra, que ainda está por ser esclarecido. O que existe são apenas artigos ou referências em obras sobre outros temas. Sabe-se que Minas é que teve o maior contingente de população escrava, mas se desconhece como foi sendo o escravo substituído pelo trabalhador livre. Nesse processo, coube importante lugar à imigração. Como a área não foi cenário de tantas e tão significativas experiências colonizadoras com estrangeiro, como São Paulo e o Sul do País, o problema não despertou atenções como naqueles pontos. Trata-se, entretanto, de aspecto que deve ser examinado, seja pelo número de estrangeiros que vieram para Minas desde o fim do Império e, sobretudo, nos primeiros decênios da República, seja pela influência que o elemento exerceu na economia e no processo social, provocando divisões da terra, implantação de nova tecnologia, outros costumes e crenças que já tendo sido matéria de estudo de sociólogos, antropólogos e historiadores, em outras regiões, ainda não teve atenção em Minas.

O fato de o estrangeiro aparecer em plano secundário não significa que o tema seja sem interesse. Também no Sul o escravo não tem o relevo que apresenta no Nordeste, em Minas e no Rio. Entretanto, extensas pesquisas e valiosos livros foram dedicados ao assunto, como se sabe. O estudioso não pode deter-se apenas nos momentos mais altos ou no que é visto como principal: os aspectos menores igualmente se impõem e podem ter enorme força explicativa no quadro geral, uma vez que um elemento de aparência insignificante, quanto mais não seja pelo contraste, pode esclarecer bem o quadro maior. Demais, o número de estrangeiros não ser grande não quer dizer que ele não tenha contado no processo regional.

Embora o tema seja rico de abordagem -- uma vez que é largo seu campo e múltiplos os problemas que comporta, nossa opção voltou-se de imediato para a política do Governo Mineiro, não só pela acessibilidade, relativamente fácil das fontes, mas por entender que estado dessa natureza deva iniciar-se pelo conhecimento da ação governamental, tanto do ponto de vista político como administrativo. Portanto, o objetivo central de nossa análise será esclarecer o papel do Estado no processo imigratório, o que de concreto se fez sob sua influência, e, finalmente, mostrar a realidade da imigração e colonização estrangeira em Minas. Preocupa-nos o estudo da política adotada, o papel oficial, mais que a imigração e a colonização em sua realidade. Acreditamos que, efetuada essa parte, será mais fácil, posteriormente, a elaboração de novos trabalhos, através de pesquisa de campo, como os demais tipos de abordagem o exigem."

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