O que é hybris? A palavra, mais comumente conhecida como “húbris”, é definida de modo geral como uma arrogância, uma ambição, uma vaidade, um orgulho excessivo. No âmbito dos mitos originados na Grécia Antiga, indica uma transgressão por parte de um mortal que afronta os deuses e o leva à sua própria ruína como punição. Uma qualidade ou um talento, mesmo quando verdadeiros e benéficos, podem se tornar problemáticos quando passam da medida adequada. O excesso do que normalmente seria considerado desejável acaba por se tornar prejudicial porque o indivíduo não é capaz de freá-lo. O herói acaba por se tornar responsável por sua própria tragédia.
Já Hybris é a série de livros cujo primeiro volume você está lendo ou ouvindo neste instante. Ela nasce da indagação de seus criadores, Julio Camacho e Guilherme Schlogel, a respeito de como seria se os deuses e outros personagens que figuram nas histórias míticas fossem pessoas vivendo na nossa era contemporânea — mas sem qualquer tipo de poder mágico ou outros elementos sobrenaturais. Muito mais que isso, ela é, na realidade, parte de um projeto multimídia muito maior, que inclui, além dos livros, uma série de TV, HQs e outros desdobramentos. Por mais de um ano, eles desenvolveram e aperfeiçoaram um enredo criteriosamente inspirado na mitologia greco-romana que veio a se transformar nos roteiros dos primeiros episódios da série televisiva, nos quais este volume se baseia.
Hybris possui uma estrutura de arcos narrativos que se sobrepõem. Há o arco dos “deuses”, o maior, que corresponde a temporadas inteiras da série de TV, e o arco dos “mortais”, que é dividido em poucos episódios centrados em um personagem. Aqui neste volume, no caso, temos a história de Melissa, adaptada a partir dos dois primeiros episódios da primeira temporada e de um dos mais conhecidos e mal compreendidos mitos. Os criadores têm a convicção de que deram origem a uma história que une a narrativa linear de uma série convencional a um estilo característico de antologias. Por isso, definem Hybris como uma série semiantológica. A história de Melissa, uma “mortal”, é o foco aqui, e o leitor ou ouvinte pode aproveitá-la em sua inteireza, mas o arco dos “deuses” continua pelos volumes seguintes para quem deseja acompanhar suas histórias. Volumes esses que também apresentarão “mortais” como novos protagonistas. Optamos, a propósito, por não nos distanciarmos muito da linguagem cinematográfica na escrita do livro, mantendo um ritmo dinâmico de cenas e pontos de vista que se alternam conforme o enfoque necessário. Isso não impede, entretanto, que nos aprofundemos no mundo interior dos personagens da maneira que só a linguagem literária pode oferecer.
A saga começa aqui.