A VENEZUELA DE CHÁVEZ tem sido tema constante na grande imprensa brasileira, geralmente em matérias de tom depreciativo a seu governo. Já os partidários do presidente ocupam espaço em publicações alternativas, raramente com alguma crítica de fundo ao “socialismo bolivariano”. Contudo, ainda são poucas as análises aprofundadas sobre o assunto.
Este livro vem preencher uma lacuna nos estudos brasileiros sobre a América Latina. Com base em ampla bibliografia e numa pesquisa de campo que envolveu longa visita à Venezuela, o autor explica com clareza, talento e competência as origens sociais e políticas do bolivarianismo e do chavismo, seus dilemas e perspectivas.
Remonta à ascensão da democracia representativa na Venezuela, após a queda do ditador Pérez Jiménez. Constituiu-se então uma “hegemonia duradoura”, fundada economicamente na exploração do petróleo, que permitiu articular diferentes forças sociais e políticas. Ela se baseava no Pacto de Punto Fijo, de 1958, organizado pelos dois partidos mais destacados, a AD e o COPEI. Social- democratas e democratas cristãos revezaram-se no poder até a crise que levaria à eleição de Chávez, que assumiria a presidência em 1999.