Herança de Ódio

As décadas de 40 e 50 são tidas como "os anos dourados do rádio brasileiro". As radionovelas ocuparam lugar de destaque nesse período. As novas gerações não têm nenhuma noção do que tenha sido, ou do que possa ser, uma novela radiofônica, onde a imaginação individual complementa a ausência de imagens, possibilitando aos heróis e aos vilões ter tantas faces quantos sejam os ouvintes que acompanhem atentos o desenrolar das tramas.

Além de ser um dos mais produtivos autores de radionovela no Brasil, Oduvaldo Viana era também diretor, atividade que o fazia conhecer das técnicas de sonoplastia, inclusive das disponibilidades de recursos da emissora, de posicionamento do ator diante do microfone, da entonação que o ator deve imprimir à sua voz em diferentes falas. Essa sua maestria pode ser comprovada pela leitura do roteiro de "Herança de Ódio" - radionovela em 25 capítulos, levada ao ar entre dezembro de 1951 e fevereiro de 1952, pela Tupi Difusora, de São Paulo, no Grande Teatro Philips - e de "Radioteatro e sua técnica", palestra em que Oduvaldo Viana discorre sobre as diversas qualidades e funções dos profissionais envolvidos na produção do rádioteatro.