Em Fundamentos de Ventilação e Apneia, Alberto Bresciani materializa o flerte que manteve com a temática dos animais, nos seus livros anteriores, Incompleto Movimento e Sem Passagem para Barcelona. Equipado pelo refinamento imagético próprio de sua poesia, o poeta embrenha-se no universo de ursos, golfinhos, hienas, carpas, corujas, entre outros, como um taxidermista da palavra, ávido por ressignificar a si, o outro e seu tempo.
Da mesma forma, nos poemas que escapam à ideia central da obra, Bresciani parece inspirar-se na observação acurada dos movimentos, da respiração, da inteligência estratégica e do comportamento nem sempre comezinho dos bichos, para compor um technicolor sobre solidão, medo, incredulidade, estranhamento e dor, “que nenhum glóbulo branco desfaz”; um filme que não termina com um final feliz, ou a superação do conflito poético, mas com a aceitação inconvicta da pequenez humana. Procedamos, então, à leitura da poesia brescianiana, porquanto “às vezes é melhor não dizer nada, ou quase”.
Poemas, poesias